quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A trajetória de uma “branca colonizadora”

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Foto: Christian Cravo

No dia 26/08/08, às 16h, fui xingada de “branca colonizadora” e registro aqui meu protesto e minha auto-defesa. Antes de mais nada, queria lembrar as palavras de Martin Luther King, Jr.: “Sonho com que meus quatro filhos vivam um dia em um país onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter”.
Meus pais são ingleses – portanto sou uma “mestiça”, de acordo com von Martius, carregando nas minhas veias o sangue de anglo-saxônicos, normandos, vikings e celtas. Também sou "mestiça" no sentido cultural. Fui criada em Porto Rico, uma colônia dos Estados Unidos, onde fui discriminada e excluída pelas crianças norte-americanas por causa de meu sotaque inglês. Os porto-riquenhos me aceitavam, observando que eu tinha “algo de diferente”. Para começar, eu me entrosava e identificava com eles naturalmente e falava espanhol sem sotaque.
Quando tinha quase 12 anos, meus pais me levaram aos Estados Unidos, junto com meus irmãos, onde novamente fomos discriminados. O mais velho dos meus irmãos varões (eu sou a primogênita) me disse que, em Porto Rico, foi apedrejado por ser “gringo” e em Nova Iorque foi apedrejado por ser “cucaracha" ("barata" em espanhol - um termo pejorativo utilizado para denominar o imigrante porto-riquenho). Escrevi um conto sobre esta experiência que foi publicado alguns anos atrás no jornal A TardeBilinguarudos de Quenbori.
Para mim, morar numa pequena cidade no interior de Nova Iorque onde todo mundo era branco e a minoria discriminada eram os judeus, foi um choque violento. Já com doze anos, comecei a entender que as pessoas que conhecia em Porto Rico como...pessoas...tinham várias cores, um detalhe que eu, até aí racialmente daltônica, não tinha percebido. Minha reação foi de profunda vergonha pelo tratamento brutal que os negros sofreram e continuavam a sofrer, porque chegamos nos Estados Unidos em 1967, no auge do movimento em defesa dos Direitos Civis dos negros. Mas também cheguei no auge do movimento “Black is Beautiful” e para mim, os negros sempre foram e continuam sendo belos, pelo menos, por fora. Por dentro, são seres humanos, passíveis das qualidades e dos defeitos de qualquer outro irmão da raça humana.
O primeiro negro que conheci nos Estados Unidos – visto que vivia numa cidade totalmente segregada – foi um nigeriano que fazia intercâmbio naquele país. Para mim, ele parecia um príncipe – e acho que realmente é de uma família nobre de sua terra. Tornamos-nos bons amigos – eu já com meus 14 anos – e agora, me dou conta que ele foi meu primeiro “namorico de criança”.
Desde que passei por estas experiências iluminadoras como criança e quase adolescente, dediquei-me de corpo e alma à renúncia e o combate ao racismo. Morando nos Estados Unidos, vi que a cor de minha pele era mal-vista e causava algum desconforto entre negros já traumatizados pelo preconceito e pela violência racial (tanto física como moral) que sofriam e ainda sofrem de maneira cotidiana. Entendi o trauma e nunca critiquei. Apenas tentei superar. Cheguei à conclusão que, infelizmente, ainda sou a exceção, portanto, a desconfiança com a qual “o branco” ainda é visto nos EUA é mais que merecida.
Quando fiz mestrado, tentei entender as relações raciais do Brasil, que são muito diferentes e quase impenetráveis para quem vem de fora. Agora, sei que consegui entender. Vim morar neste país, casei com um negro, tive uma filha com ele e, depois de me separar, adotei outra filha afro-brasileira. Como minhas filhas são negras, eu sofro quando elas são discriminadas de qualquer maneira. Mas, porque minha pele é branca, a faca tem dois gumes e me corta de ambos os lados.
A pessoa que me xingou de “branca colonizadora” é “negra por conveniência”. Jamais foi, é ou será discriminada por causa da aparência, pelo menos, no Brasil. Talvez por isso, ela não conheça a dor que qualquer ser humano sente quando é “julgado pela cor de sua pele” e não “pelo conteúdo de seu caráter”.
Apesar da humilhação e da injustiça sofridas - até estimulada por elas - continuo na luta pela justiça, pela valorização de todos e principalmente, pelo fim do preconceito em todas suas formas. Concluo esta narrativa com outras palavras de Martin Luther King Jr: “O arco moral do universo é longo, mas se inclina na direção da justiça”.
Sabrina Gledhill

Ainda sobre o "audo-didatismo"

Em primeiro lugar, não creio que haja oposição entre os termos "intelectual" e "auto-didata". Ao contrário, muitos são os que, ao longo dos tempos, sem tutoria e, portanto, aprendendo por si, deixaram à humanidade grande legado intelectual. Pensando bem, maior mérito tem o auto-didata que aquele que sempre foi guiado.

Manoel Querino teve mestres. No entanto, foi muito além do que lhe ensinaram, até em busca do que - de maneira proposital ou não - lhe fora negado ou escondido. Neste sentido, considerando, inclusive, a multiplicidade de facetas de seu legado, não creio ser desproposital a utilização do termo. Sem negar o evidente preconceito, a discriminação presente na oposição religião X seita, idioma X dialeto, apontado no texto.
Isadora Browne Ribeiro

Esta questão surgiu durante o Seminário Nacional Manuel Querino: Vida e Obra

Informações da Casa das Áfricas

casadasafricas.org.br

A África se lê, a África nos lê: Itinerário através de algumas narrativas africanas

Revista Pueblos


O propósito do artigo é sugerir possíveis vias para a reconstrução visionária do passado. Em três perspectivas diferentes, expressões narrativas de um continente. Negociação identitária a partir do absurdo traçado pela colônia, o impossível resgate de sinais ancestrais: Ahmadou Kourouma (na foto) e Chinua Achebe; as novas identidades surgidas da rápida urbanização e o êxodo rural: Ngugi wa Thiong´o e Meja Mwangi; e, finalmente, o enraizamento e desenraizamento transnacional e a diáspora: Fatou Diome e Ken Bugul. Leia mais

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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Será que Querino foi "autodidata"?

Segundo o dicionário Aurélio, "autodidata" significa "Que ou quem aprendeu ou aprende por si, sem auxílio de professores". De acordo com esta definição, Querino não se enquadra, com certeza, porque estudou no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola de Belas Artes.

Querino pode ter sido um antropólogo "autodidata" porque na sua época não existiam na Bahia cursos ou estudos ou professores de antropologia, como os conhecemos hoje em dia. Mas seguindo este critério, todos os antropólogos da sua época eram "autodidatas", nos primórdios de uma ciência cujo principal valor é a objetividade na observação e a capacidade de tirar conclusões baseadas em amostras amplas, ao invés de provas casuísticas.

Os "cientistas" do Oitocentos acreditavam na frenologia e outras pseudociências. Pensavam que as "raças" humanas fossem tão distintas quanto o cavalo e o jumento - tanto é que acreditavam que, dentro de 200 anos, o mulato (que deriva-se de "mula") iria desaparecer.

Querino foi mais do que um antropólogo ou folclorista. Ele foi um observador perspicaz e colecionador de dados, livre de muitos dos preconceitos e das ideologias de seu tempo. Seus registros dos costumes da "Bahia de Outrora" tornaram-no uma fonte indispensável para historiadores, antropólogos e folcloristas que pretendem saber ou escrever sobre a vida desta terra.

Então vamos parar com essa história de "autodidatismo" - ou será que é preconceito? O branco teria "religiões", mas o negro apenas "cultos". O branco teria "línguas", mas o negro, "dialetos". O branco seria "intelectual" e o negro, "autodidata". Só uma mula não entende.

Sabrina Gledhill

Esta questão surgiu durante o Seminário Nacional Manuel Querino: Vida e Obra

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Programação do Seminário Nacional Manuel Querino: Vida e Obra (atualizada)

A inscrição é gratuita, mas as vagas são limitadas. Pode ser feita pelo e-mail: eventos@ighb.org.br
Para maiores informações, visite: www.ighb.org.br

Segunda-feira dia 25 de agosto de 2008
AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

13h30
Credenciamento (inscrição gratuita)


14h30
Mesa de Abertura: Profa. Consuelo Pondé de Sena(Presidente IGHB);
Prof. Edivaldo Boaventura (Presidente Academia de Letras da Bahia);
Sr. Zulu Araújo(Presidente Fundação Palmares);
Sra. Adriana Castro(Presidente da Fundação Gregório de Mattos);
Sr. Luiz Alberto dos Santos(Secretário Estadual de Promoção da Igualdade Racial);
Sr. Ourisval Joviniano Sant’Ana (Presidente do Diretório Administrativo da Associação Protetora dos Desvalidos – SPD);
Deputada Fátima Nunes (Presidente da Comissão Especial de Promoção de Igualdade da Assembléia Legislativa da Bahia);
Sr. Bartolomeu Dias Cruz (Presidente do Núcleo Omi-Dùdú - Resgate e Preservação da Cultura Afro-Brasileira)


15h00


Palestra: Manuel Querino: Vida e Obra – Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal (UNEB)

Palestra: Manuel Querino e a luta contra o “Racismo Científico” – Profa. Ms. Sabrina Gledhill

Palestra: Manuel Querino: sua importância hoje – Profa. Dra. Vanda Machado (Secult)

Coordenadora/Mediadora: Profa. Consuelo Pondé de Sena (Presidente IGHB)

17h30
Debate e encerramento

Terça-feira dia 26 de agosto de 2008
AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

14h30

Palestra: Manuel Querino e “A Arte Culinária na Bahia”.– Prof. Vivaldo da Costa Lima (UFBA)

Palestra: Manuel Querino iniciador dos estudos sobre a culinária baiana – Prof. Vilson Caetano Júnior (UNEB)

Palestra: Tenda dos Milagres e as teorias raciais no Brasil na virada do século XIX para o XX. – Profa. Ilana Seltzer Goldstein (UNICAMP)

Coordenadora/Mediadora: Profa. Ms. Sabrina Gledhill

17h30
Debate e encerramento


Quarta-feira dia 27 de agosto de 2008
AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

14h30

Palestra: Manuel Querino e as raízes africanas da Capoeira - Mestre Cobra Mansa

Palestra: Raça, identidade nacional e interpretação do Brasil na visão de Manuel Querino.– Prof. Carlos Antonio Reis (UNESP)

Palestra: Manuel Querino educador – Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal (UNEB)

Coordenadora/Mediadora: Profa. Wlamyra Albuquerque (UEFS/FPC)

17h30
Debate e encerramento

Quinta-feira dia 28 de agosto de 2008
AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

14h30
Palestra: Fotografias da Gente Negra no ensaio etnográfico de Manuel Querino – Profa. Ms. Christiane Vasconcellos. (UEFS)

Palestra: Manuel Querino – O “Vasari” brasileiro – Prof. Dr. Luiz Alberto Freire (UFBA-EBA)

Palestra: Manuel Querino nos estudos de Eliane Nunes – Profa. Dra. Maria Hermínia Hernandez (UFBA-EBA)

Coordenador / Mediador: Prof. Dr. Luiz Alberto Freire (UFBA-EBA)

17h30
Debate e encerramento

Sexta-feira dia 29 de agosto de 2008
AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

14h30
Palestra: Manuel Querino: seus estudos sobre a independência da Bahia – Profa. Wlamyra Albuquerque (UEFS/FPC)

Palestra: Manuel Querino nos estudos de Pedro e Jorge Calmon – Profa. Consuelo Pondé de Sena (UFBA/IGHB)

Palestra: Manuel Querino nos estudos de Bradford Burns - Profa. Dra. Consuelo Novais Sampaio (UFBA/ALB) - representada por Sabrina Gledhill

Coordenador/Mediador: Jaime Nascimento

17h30
Debate e encerramento

Uma visão da conjuntura quilombola

Posted In: Temática Negra . By Yoná Valentim

Por: José Maurício Arruti

permalink http://cenbrasil.blogspot.com/2008/08/uma-viso-da-conjuntura-quilombola.html

O governo Lula representou, em um primeiro momento, a retomada das condições institucionais de regularização de territórios quilombolas, em especial com o decreto presidencial 4788, de 2003, que revogou o decreto 3912 de 2001 de Fernando Henrique Cardoso e restituiu a eficácia ao artigo 68 (ADCT/CF-88). Desde então, porém, muito em função dos efeitos práticos desta retomada e da contradição em que ela entrou com os interesses políticos e econômicos tanto dos grandes proprietários de terras, quando do Programa de Aceleração do Crescimento, do próprio governo, nós assistimos ao desenho de uma conjuntura senão francamente desfavorável à causa quilombola, no mínimo contraditória e ambígua.
O decreto de 2003 estabeleceu o Incra como o responsável pelo processo de regularização fundiária das comunidades quilombolas, incorporando a possibilidade de desapropriações, estabelecendo a titulação coletiva dos territórios (um titulo inalienável em nome da associação representativa da comunidade) e adotando o princípio do auto-reconhecimento, conforme previsto na Convenção 169 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), ratificada pelo Brasil em 2002. Estes últimos aspectos são importantes e inovadores na medida em que incorporam uma perspectiva comunitarista ao artigo constitucional: torna-o um direito de coletividades e não de indivíduos, assim como atribui à noção de "terra" a dimensão conceitual de "território". Isso significa deixar de conceber a terra quilombola não apenas como o espaço diretamente ocupado ou como o resultado da relação entre um determinado número de hectares por número de famílias, para passar a ser pensado como espaço constituído social e simbolicamente, que leva em conta seus usos, costumes e tradições, recursos ambientais imprescindíveis à sua manutenção, reminiscências históricas que permitam perpetuar sua memória etc.
Para que essa nova legislação tivesse efeito, porém, ainda era necessário editar normas internas ao Incra, o que só foi realizado em 2005. A partir de então, o órgão passou a firmar convênios com as universidades públicas (em geral com os departamentos de Antropologia) tendo em vista a realização dos laudos de identificação territorial, cujos primeiros resultados começaram a aparecer a partir de 2006. Em paralelo a isso, no plano das políticas públicas, o decreto também deu origem a toda uma linha de políticas públicas ou programas especiais voltados à população quilombola, unificadas em um orçamento especial, denominado Programa Brasil Quilombola, que prevê linhas de crédito e convênios entre os diferentes órgãos do Estado responsáveis pela preservação cultural e ambiental e pelo desenvolvimento de infra-estrutura necessária ao desenvolvimento das comunidades.
As políticas públicas geradas a partir daí, concentradas na Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e no Programa de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia (PPIGRE) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), dividem-se entre aquelas geradas especificamente para as comunidades quilombolas e aquelas que representam apenas a previsão de uma cota especial de recursos de políticas de caráter universal para as populações quilombolas. Um balanço dessa conversão do tema em objeto de políticas públicas, assim como as suas implicações sobre as formas que a "política de reconhecimento" tem assumido no Brasil ainda esta por ser realizado.
Mas, como dizíamos, esses dois grandes blocos de ações do governo com relação às populações quilombolas – da política fundiária e das demais políticas públicas – acabaram por configurar uma conjuntura contraditória e ambígua por parte do governo e de franco ataque por parte da grande imprensa e dos interesses de grandes proprietários, que aquela ainda representa. Há, efetivamente, uma situação de insegurança dos direitos quilombolas, isto é, uma situação na qual não temos certeza de que tais direitos serão efetivados. Os mecanismos que produzem tal insegurança são de natureza variada: orçamentários, normativos e jurídicos.
Contra o decreto vêm sendo propostos Projetos de Lei com o objetivo de anular os seus efeitos no todo ou em parte, assim como ainda encontra-se em curso uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Uma verdadeira batalha parlamentar e jurídica que acaba se manifestando no campo social por meio da organização de manifestações contrárias à regularização das terras quilombolas na grande imprensa. A partir de 2007 há a multiplicação dessas matérias, publicadas nas primeiras páginas de jornais como O Globo e o Estado de São Paulo, ou divulgadas em telejornais de grande visibilidade, quase sempre baseadas na constante reafirmação do significado colonial e imperial de quilombo e acompanhadas de acusações graves e violentas de falsificação identitária por parte das comunidades quilombolas e do Incra. Toda esta campanha é arma fundamental para alimentar a insegurança jurídica dos direitos quilombolas, na medida em que, se de um lado, a legislação nacional cria novas e importantes figuras de direito, como o conceito de "comunidades quilombolas", que permite a emergência de novos movimentos sociais, de outro lado, quando os conflitos envolvendo tais movimentos chegam aos tribunais, os juízes reinterpretam tais conceitos de forma a restringir a aplicação de tais direitos, voltando atrás com relação à interpretação de outros juízes.
Como forma de mediar as perdas políticas que ameaçam ocorrer com a queda do decreto presidencial, o governo federal parece ter assumido o ônus de incorporar o contraditório imposto pela oposição ao tema na forma de uma nova proposta de reformulação da Instrução Normativa interna ao Incra, abrindo um novo campo de disputas, que agora o opõe o próprio governo ao movimento quilombola, suas entidades de assessoria e antropólogos. Assim, se de um lado, a legislação nacional inclui leis que estão entre as mais progressistas do mundo, por meio da assinatura de diversos acordos e convenções internacionais, de outro lado, no momento de realizar tais leis, o governo cria normas menores, internas às agências de Estado responsáveis por executar tais leis, que estabelecem processos demorados e repletos de obstáculos técnicos e administrativos, e de limitações conceituais.
Finalmente, enquanto tais disputas correm, há uma aparente multiplicação de políticas públicas voltadas aos quilombolas, mas cujo significado histórico ainda está por ser analisado. Elas representariam apenas uma forma de atenuar a ausência de uma política fundiária dirigida à regularização dos territórios quilombolas? Representariam, por outro lado, uma importante inflexão no racismo institucional que marca o Estado brasileiro, com importantes conseqüências para a auto-estima e inserção social e política das comunidades locais? Representaria uma combinação contraditória e aberta de ambas as coisas? Ainda assim, para além destas contradições, ainda há a insegurança orçamentária que atinge a efetivação de tais políticas: se de um lado, o governo faz previsões orçamentárias generosas para políticas destinadas à implantação de políticas públicas, anunciando-as com grande alarde, de outro lado, o governo simplesmente não gasta tal orçamento, executando parcelas mínimas das atividades previstas.
Diante de uma conjuntura tão complexa, aceitamos o desafio de oferecer ao público mais amplo, por meio deste número de Tempo e Presença Digital, uma série de artigos produzidos por especialistas, sobre os diversos temas que compõe tal conjuntura. Assim, damos continuidade ao nosso compromisso de monitoramento do tema, assim como de multiplicação dos espaços de reflexão e de colaboração entre acadêmicos, assessores e militantes.

José Maurício Arruti, doutor em antropologia, assessor do programa Egbé Territórios Negros de KOINONIA

Parque S. Bartolomeu, na Bahia

Programação

Dia 23 de agosto de 2008

13:30h Recital com os Grupos Herdeiros de Angola e Medianeira
14:00h Grupo cultural Ogum de Ronda
14:30h Grupo cultural Swing da Lata
15:00h 100% Afro indigena
15:30h Ginga Menino
16:00h Partido Alto do Boiadeiro
17:00h Encerramento

Dia 24 de agosto de 2008

08:00h Concentração do cortejo no Instituto Cabricultura
08:20h Distribuição de munguzá
09:00h Saída da caminhada (omi aeyê)
11:00h Chegada ao Parque São Bartolomeu
11:10h Pronunciamento Autoridade
12:00h Distribuição do Acarajé
13:40h Os Carlinhos do Samba
15:00h Banda Talowahoots
16:00h Banda Desafio/Big Dyan
17:30h Encerramento

Seminário no Dia 27/08/2008

Parque São Bartolomeu: Ações e Responsabilidades

Correlação dos Terreiros com as matas e as águas
Intervenções físicas-Recursos alocados
Implementação de medidas sociais estabelecidas no Pronaci
Intolerância religiosa
Experiência Parque Memorial Quilombo dos Palmares
Despoluição das Águas
Fortalecimento da Arte e da Cultura Local
Intervenção física-Recursos alocados

Herança Africana no Universo Baiano - Um Filá de Liberdade no Museu Carlos Costa Pinto

A exposição, Herança Africana no Universo Baiano – Um Filá de Liberdade traz para o Museu Carlos Costa Pinto, um pequeno pedaço da imensa herança africana, com o patrocínio do Governo do Estado através do Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. A exposição, com curadoria de Solange Godoy, reserva aos olhos uma materialização de jóias e roupas usadas por matriarcas do candomblé, marcando uma trajetória e costumes de um povo, trazendo também exemplares influenciados por essa herança.

O acervo exposto está dividido em três módulos: Soberania e Encanto; Legado e Estilo; Patrimônio e Memória, contrapondo a religiosidade de matriz africana com a modernidade e a tradição nos adereços tão utilizados nos dias de hoje. Fazem parte do acervo que compõem os espaços, vestimentas e jóias de alguns terreiros da cidade, como: Casa Branca, Terreiro do Gantois, Ilê Axé Opô Afonjá, Terreiro do Bogum, Pilão de Prata e Terreiro São Jorge Filho da Goméia. Designers de jóias e estilistas como Annete Sorim, Ismael Soudam, Roney George, Márcia Ganem, Chico da Prata e Mônica Anjos são também destaques na exposição.
O público conta ainda com uma mostra paralela de: vídeos, palestras e oficinas, que vão acontecer no auditório do próprio museu e em alguns ateliers da cidade.

Programação cultural
Agosto
250/08 - Palestra "Jóias Afirmativas" - Ana Beatriz Factum (16:00h)
26/08 - Oficina de Jóias com Annete Sorin (15:00) - Informação pelo telefone 3336-6081
27/08 - Filme "Kiriku e a Feiticeira" (15:00h) Animação | 71 minutos
Sinopse: Lenda Africana. Na África Ocidental, nasce um menino
minúsculo, cujo tamanho não alcança nem o joelho de um adulto, que tem
um destino: enfrentar a poderosa e malvada feiticeira karabá, que secou a
fonte d´agua da aldeia de kiriku, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la
e ainda pegou todo o ouro que tinham. Para isso, kiriku enfrenta muitos perigos
e se aventura por lugares onde somente pessoas pequenas poderiam entrar.
27/08 - Palestra "Vestidas como deusas" - Nancy de Souza e Silva (16:00h)

Setembro
15/09 - Palestra "A riqueza do traje" - Ana Lúcia Uchoa, Joseania Miranda e Luzia Gomes (16:00h)
17/09 - Oficina de Bordado com Gilcélia Pinto (14:00) - Contato: 9921-2867
Local: Atelier Valcides Sales - Eng. Velho da Federação
24/09 - Filme "Na rota dos orixás" (16:00h)

Outubro
02/10 - Oficina de Alaká (Pano-da-Costa) - Kula Tecelagem. (14:00h)
Local: Rua Queira Deus, 78 - Portão - Contato: 3369-2085
08/10 - Filme "A dama das águas" (16:00h)

Serviço:
O que: Exposição – Herança Africana no Universo Baiano - Um Filá de Liberdade
Onde: Museu Carlos Costa Pinto, Corredor da Vitória
Quando: Abertura dia 14 de Agosto / Período de exposição para visitação: 15/08 a
14/11/08, de segunda-feira a sábado, exceto terça-feira, das 14:30 às 19:00h.
Valor: R$ 5,00 reais / R$ 3,00 reais - estudantes e idosos
Mais Informações Museu Carlos Costa Pinto Tel.: (71) 3336-6081

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Seminário sobre culturas africanas e afro-brasileiras

LARÓYÈ: DISCUSSÕES SOBRE AS CULTURAS AFRICANAS E AFRO-BRASILEIRAS NA UNEB

PROGRAMAÇÃO

DIA 28 DE AGOSTO

PROF. DR. RAPHAEL VIEIRA (UNEB)

"VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS DOS NEGROS NOS SERTÕES BAIANOS"


DIA 11 DE SETEMBRO

MICHEL DE FREITAS, GRADUANDO EM PEDAGOGIA PELA UNEB, ATIVISTA DO NEAFROUNEBSSA, EDUCADOR, ATOR E DIRETOR TEATRAL. PESQUISADOR FAPESB.



"A IMPORTÂNCIA DOS MITOS AFRICANOS NA EDUCAÇÃO"

DIA 25 DE SETEMBRO

PROF.MSE. WALTER ALTINO DE SOUSA JR, COORDENADOR DO ATITUDE QUILOMBOLA E EDUCADOR DA REDE ESTADUAL DE ENSINO.

"POLÍTICA CULTURAL DO ESTADO E NEGRITUDE"

DIA 9 DE OUTUBRO

PROFª. Drª. NARCIMÁRIA CORREIA DA LUZ (UNEB)

"AGOGO: PRINCÍPIOS DE TEMPORALIDADE"

DIA 30 DE OUTUBRO

LUANA VIDAL

CONCLUINTE EM PEDAGOGIA (UNEB), ATIVISTA DO NEAFROUNEBSSA E EDUCADORA

"A RELAÇÃO DA CRIANÇA NEGRA COM A LITERATURA INFATO-JUVENIL"

LUANE RODOPIANO

CONCLUINTE EM PEDAGOGIA (UNEB), ATIVISTA DO NEAFROUNEBSSA E EDUCADORA

"A POESIA FOLCLÓRICA DE ORIGEM AFRICANA NO CONTEXTO ESCOLAR"



DIA 6 DE NOVEMBRO

JOSENILDA DÉBORA,

CONCLUINTE EM PEDAGOGIA (UNEB), ATIVISTA DO NEAFROUNEBSSA, MILITANTE DO MOVIMENTO HIP HOP E EDUCADORA



"O RAP E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DA CRIANÇA NEGRA"





PERÍODO DE INSCRIÇÕES:

* 21/08 - 14:00 às 17:00 –
* 22/08- 7:30 às 13:00
* LOCAL: Departamento de Educação - Campus I
* VALOR: R$ 5.00



Limite 50 Vagas



CERTIFICADO 12 HORAS





INFORMAÇÕES



neafrouneb@gmail.com

8764-0901- 8825-0897 - 9199-9937 - 8741-9786/8875-4413

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Palavras do poeta Langston Hughes


Sonhos

Segure bem aos sonhos,
Porque, se os sonhos morrerem
A vida será uma ave de asas quebradas
Que não consegue voar.
Segure bem aos sonhos,
Porque, sem eles,
A vida é um campo deserto,
Inóspito e gélido.
-------------------------------------------
Dreams

Hold fast to dreams
For if dreams die
Life is a broken-winged bird
That cannot fly.
Hold fast to dreams
For when dreams go
Life is a barren field
Frozen with snow.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Fábrica de Idéias

Por uma Sociologia das Emergências: contra o desperdício das Experiências
(texto apresentado na abertura da Aula Pública
do Prof. Boaventura Santos na Reitoria da UFBA)

Por: Jamile Borges

Salvador,13/agosto/2008

Esta é mais uma atividade da Fabrica de Idéias. Um curso internacional e avançado sobre relações étnicas e raciais. O curso hoje coordenado pelos professores Ângela Figueiredo e Livio Sansone, está sediado no Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA e conta com o apoio de diversas instituições de fomento nacionais e internacionais.

Ao longo desses 11 anos, a Fábrica de Idéias tem enfrentado inúmeros desafios; mas esses desafios nem de longe abalaram a nossa crença na possibilidade de construir um projeto de sociedade e de universidade assentados na lógica da inclusão e da acessibilidade de segmentos historicamente ausentes das políticas publicas e das instancias decisórias do poder.

Empoderar pessoas: esse é o nosso maior desafio e também nossa ambição.

Essa Babel de estudantes de diferentes partes do mundo revela que a alteridade, mais que um clichê antropológico é por nós entendida como um convite a conviver com a diferença e o diferente.

Coube a mim a honra de apresentar a vocês, o professor Boaventura Sousa Santos. Sua biografia intelectual – Doutor em Sociologia do Direito, professor da Universidade de Coimbra, professor visitante na London School of Economics – diz muito menos sobre ele do que sua vida e seus escritos. Intelectual engajado, tem combatido duramente as diversas formas de opressão e exclusão levadas a cabo pelo projeto de globalização em curso nas sociedades modernas.

Ao fazer a critica do sistema-mundo globalizado, propôs, junto com ativistas, intelectuais, mulheres e homens de diversos grupos étnicos um projeto ambicioso e belo: contra o desperdício das experiências sociais busca uma nova racionalidade: uma globalização contra-hegemônica. Contra o epistemicidio de diversos discursos – dos movimentos sociais, dos índios, negros, mulheres, gays e lésbicas, propõe uma sociologia das emergências. Em suas próprias palavras: pensar de forma Pós-Abissal, em favor dos saberes historicamente ausentes da tradição moderna e universitária.

Para tal, advoga contra a monocultura do saber e propõe uma ECOLOGIA DOS SABERES .

Construir uma nova engenharia de laços sociais, este é o convite que fazemos a todos vocês: descolonizar o conhecimento, tecer redes colaborativas, instituir a generosidade como fundantes de uma outra era. Nesse sentido o chamado do Professor Boaventura Santos nos encoraja e inspira a não apenas vislumbrar, mas construir um futuro pleno de possibilidades plurais e concretas, simultaneamente utópicas e realistas, onde todos os nossos sonhos serão possíveis.


Visite o site da Fábrica de Idéias - www.fabricadeideias.ufba.br/

CEAO: Áula pública sobre cidadania na África

Convidamos todos a assistir a áula pública sobre o tema da cidadania na África que os professores Severino Ngoenha (Universidade de Lausanne) e Peter Geschiere (Universidade de Amsterdam) ministram como parte das atividades do XI Curso Avançado em Estudos Étnico-Raciais da Fábrica de Idéias

Lugar: Auditório Milton Santos, CEAO, Largo Dois de Julho s/n

Horário: Sexta feira dia 22 de agosto ás 18.00

Mais informações com fabrica@ufba.br ou no www.fabricadeideias.ufba.br

sábado, 16 de agosto de 2008

Morre Dorival Caymmi aos 94 anos

Orgulho de ser brasileiro - porque Querino foi, acima de tudo, um patriota

Este texto, de autoria desconhecida, está circulando na Internet:

O QUE UMA ESCRITORA HOLANDESA FALOU SOBRE O BRASIL:

'Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos.

Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado. Só existe uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.


Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne.


Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritasenroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta. Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador.


Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de 'Como conquistar o Cliente'.


Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos.


Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com alíngua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa. Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.


Os dados são da Antropos Consulting:
1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.
2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.
3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.
4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde aapuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando oresultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.
5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.
6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 seinstalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma..
7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.
8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.
10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO-9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.
11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.


Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil?
1. Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?
2. Que têm o mais moderno sistema bancário do planeta?
3. Que suas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?
4. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?
5. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?
6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?
7. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?


Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando. É! O Brasil é um país abençoado de fato. Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos. Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques. Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente. Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!!'
(...)


Divulgue esta mensagem para o máximo de pessoas que você puder. Com essa atitude, talvez não consigamos mudar o modo de pensar de cada brasileiro, mas ao ler estas palavras irá, pelo menos, por alguns momentos, refletir e se orgulhar de ser BRASILEIRO!!!

Cena da Festa da Boa Morte

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Nossa homenagem à Festa da Boa Morte

10 anos da Caminhada Azoany

No dia 16 do mês de agosto de 2008 a Caminhada Azoany completa 10 anos, onde mais uma vez estaremos partindo do Pelourinho até a Igreja de São Lázaro, para comemorar o dia de São Lázaro, reverenciar e cumprir promessas em agradecimento a Azoany (Omolú Obaluaê).
Este ato passou a ser realizado de maneira continua tendo naturalmente o seu crescimento cada vez mais atraindo indivíduos de todas as classes, independente de seu credo religioso. Apesar de tratar-se de um evento de características negras por tratar-se do candomblé, todos participam e caminham um percurso de 06 km, cantando louvações para o (Orixá, Inkisse).
Vestidos de Branco, roupas do Candomblé, Camisas do evento ou vestimentas próprias, carregando balaios de pipocas, ramos e buquês de flores - acompanhados de um grupo de afoxé a Caminhada percorre as ruas do Pelourinho e seguem em direção a Igreja de São Lázaro no bairro da Federação, onde todos os participantes cumprem suas promessas.
Estaremos realizando este ano a Caminhada, mais do que nunca, conclamando a Paz e buscando junto ao (Orixá, Inkisse), forças para que mostre seu Brilho e garante a preservação deste ato como forma de fortalecimento do povo negro e daqueles indivíduos que lutam conosco pela preservação do Candomblé.

Fonte: CEN Brasil.
Acesse: http://www.cenbrasil.org.br
http://cenbrasil.blogspot.com/2008/08/vestidos-de-branco-reverenciando-azoany.html

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Obama ganha apoio de republicanos rompidos com Bush

Jornal A Tarde

Agencia Estado

Dois ex-congressistas republicanos que costumavam apoiar o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, estão trabalhando para reunir membros insatisfeitos com o partido em apoio ao candidato democrata Barack Obama, com o lançamento de um site na internet. À frente estão o ex-deputado Jim Leach, de Iowa, o ex-senador Lincoln Chafee, de Rhode Island - dois republicanos moderados que, ao buscarem a reeleição em 2006, perderam seus assentos para democratas -, e Rita E. Hauser, ex-assessora de inteligência da Casa Branca que rompeu com o partido por causa da guerra no Iraque.

O site deve ser lançado esta semana e Hauser estima que umas "duas centenas de milhares" vão aderir ao movimento até a eleição, em 4 de novembro. "Simplesmente este não é um momento para a política como sempre", disse Leach. Ele acrescentou que gostaria de ver outro republicano apoiando Obama: o senador Chuck Hagel, de Nebraska, que está se aposentando e recentemente viajou ao Iraque com o candidato democrata, mas não o apoiou na corrida presidencial contra John McCain.

Chafee afirmou que ele e McCain tiveram algumas posições semelhantes no Senado. Eles foram os dois únicos senadores republicanos que se opuseram aos cortes de impostos do presidente Bush. Agora, McCain apóia os cortes de tributos. "É um John McCain diferente", disse Chafee, que recentemente desfiliou-se do partido para que pudesse votar por Obama em seu Estado na primária de março. "Até ter votado no senador Obama eu nunca havia votado em um democrata, então acredito que minhas credenciais republicanas sejam sinceras", disse.

Hauser, já havia apoiado o democrata John Kerry na corrida presidencial em 2004, afirmou que entre os princípios que unificam o grupo estão o compromisso de reduzir o engajamento dos EUA no Iraque, maior responsabilidade fiscal e melhores políticas na área de energia. McCain será uma continuação de Bush, afirmou Hauser. É possível que uma reunião dos três ocorra na convenção democrata em Denver. Um porta-voz de Obama não quis comentar se eles planejam participar. As informações são do blog Washington Wire, do Wall Street Journal, reproduzidas pela agência Dow Jones.

Pingue-Pongue - Angela Davis


No Verão de 1970, Angela Yvonne Davis integrava a lista dos dez fugitivos mais procurados pelo FBI. Acusada de envolvimento no seqüestro e homicídio de um juiz por ativistas negros, fugiu o quanto pôde até ser capturada, presa e julgada, em um dos mais famosos tribunais da história americana. Absolvida, quase pagou caro por fazer parte de um dos mais radicais movimentos comunistas do seu país, os Panteras Negras, espécie de braço armado do movimento Black Power.
Passaram-se 40 anos desde que os grupos anti-racismo explodiram nos EUA e, durante estada em Salvador para participar de diversas palestras, a ativista se mostrou a mesma revolucionária comunista de sempre. Sem se dobrar um só instante, defende os mesmos ideais de igualdade racial da época em que o líder negro Martin Luther King a inspirou a lutar pelos direitos civis dos negros. "O que mantém a minha sanidade é o meu envolvimento nos atuais movimentos coletivos políticos", acredita. A verdade é que Angela Davis transformou-se em uma das mais obstinadas combatedoras da discriminação social e racial, além de defensora das mulheres. Mereceu composição de John Lennon e Yoko Ono em sua homenagem. A música Angela é uma ode à bravura da ativista e um protesto contra as perseguições sofridas por ela. Os Rolling Stones também a homenagearam com Sweet black Angel. Hoje, aos 64 anos, Angela Davis é escritora, filósofa e professora emérita da Universidade da Califórnia.
Nos últimos tempos, tem se dedicado ao estudo dos problemas ligados aos sistemas prisionais. Também aí, propõe uma revolução. Suas idéias deram origem a um grande movimento pela abolição do cárcere nos EUA e no resto do mundo. Sem nunca perder o viés racial, já que a esmagadora maioria dos prisioneiros americanos é negra, se refere ao sistema carcerário como uma "indústria".
Para ler na íntegra, clique aqui.

CEN Brasil.
Acesse: http://www.cenbrasil.org.br

Opinião sobre Obama

O que a América Latina e os negros devem esperar de Obama??

Se considerarmos seus dois ultimos movimentos, talvez não muita coisa!

Antes de tudo preciso abrir um parêntese para dizer que a candidatura de Barack Houssein Obama me anima, como acho que anima os corações e mentes liberais e esquerdistas do mundo todo. Como também me anima o fato de ver um homem jovem, negro, prestes a ser eleito para governar o Império e, por extensão, boa parte do mundo.

No entanto, precisamos considerar com toda a frieza que o mundo mudou e mudou muito. As grandes coorporações que hoje são mais poderosas que a maioria dos países, Brasil inclusive, criaram uma estrutura de funcionamento onde até mesmo alguns governantes deixaram de ter papel relevante. George Bush agiu nos ultimos anos muito mais de acordo com os interesses das coorporações petrolíferas do que do seu povo. E Obama, apesar de aparentemente não ter este nível de comprometimento, também não pode ignorar que o poder das corporações é real e estará ali a lhe fazer sombra o tempo todo.

Terminadas as prévias Obama resolveu fazer um giro pelo Oriente Médio e pela Europa. Ignorou solenemente a America Latina e o continente africano. Tudo bem, dirão alguns, se ele vai à África só reforçaria o discurso racialista da campanha americana que ele está tentando evitar, concordo. Mas não vir à América Latina? É estranho, mas ao mesmo tempo é sintomático. É o sinal claro de que mais uma vez a América Latina estará relegada a um segundo plano na política americana.

O segundo movimento estranho de Obama foi com relação aos protestos dos jovens que lhe disseram não estar dando a devida atenção à questão racial em sua campanha. Obama lhes deu a resposta clássica do tipo, se não estiverem satisfeitos, procurem outros candidatos para votarem.

Algumas coisas no Obama me chamam a atenção pelo contraditório. A primeira é o fato de ele ter suprimido o Houssein de seu material de campanha, pois seria muito interessante além de colocar o desafio para a sociedade americana de votar num negro, mas votar também num homem chamado Houssein (nome árabe clássico, Saddam Houssein, lembram? Aquele que saiu do buraco para entrar na história). Outra coisa é sua religiosidade. Há quase certeza de sua aproximação com o Islã, mas quem cria problemas para ele é um pastor evangélico negro. Afinal, que apito toca o Obama? Aqui no Brasil, pelo menos, essa questão seria mais fácil. E, por fim, essa questão do elemento étnico-racial que uma hora ele dá sinais de avanços, mas, quase sempre, não assume como um elemento fundante de sua pessoa e de sua trajetória política.

É estranho esse Obama. Um dos fatos que o tornaram uma grande sensação política nos EUA nos ultimos anos foi exatamente ele ser negro, mas um negro que ao invés de se fechar no discurso de gueto, abriu-se para pensar a construção de um país realmente pluriétnico. Ótimo, maravilha, lindo, concordo com isso, mas ignorar a problemática real e diferenciada dos negros americanos o tornará artificial, como também só falar dela teria lhe tornado impalatável.

Lula para ser eleito se viu obrigado a assinar uma carta cujo título de fantasia era "Carta aos Brasileiros", quando devia se chamar carta ao sistema financeiro, empresarial e industrial brasileiro, que lhe obrigou a abrir mão de muitos elementos políticos que o PT vinha construindo há anos para poder passar pela gargante e de fato assumir o país sem provocar uma grande crise. Foi um acordão que, uma vez cumprido, tem permitido a Luiz Ignácio, até hoje, governar em águas calmas. O custo político disso perceberemos em algumas décadas mas uma coisa já é visível que foi a fragilização absurda dos movimentos sociais como um todo, mas isso merece um outro artigo.

Chavez abriu mão de qualquer acordo e, com seu estilo truculento e meio tresloucado tem levado a Venezuela aos trancos e barrancos.

Ainda não sabemos se Obama de fato será eleito, se ele crescerá na reta final da campanha ou se os americanos desistirão de correr o risco de apostar no novo e elegerão Mccain até por uma questão de se sentirem mais seguros no velho branco, típico representante da elite americana.

Mas uma coisa é certa. Obama não se elegerá sem abrir mão, talvez mais ainda, de elementos que para alguns ameaçam a sociedade americana, e um deles, com certeza é uma aproximação com os mais pobres, com uma agenda diferente daquela do Império.

Enfim, o que está posto é que por melhor que Obama seja, e eu apesar de o achar interessante ainda tenho dúvida para entender o que exatamente ele quer, ele para ser presidente terá que estar de acordo com os interesses das grandes coorporações, dos grandes conglomerados, da engrenagem poderosa que faz mover o Império. Se for assim, ele poderá ser negro, poderá ser jovem, poderá ser carismático, desde que cumpra a agenda. Desde que aponte em direção à seta-mestra do Império e esta, quase sempre, é a direção oposta de onde estão a América Latina, a África, os negros e os pobres.

sábado, 9 de agosto de 2008

Terreiro vai à luta por fim de imposto



Cleidiana Ramos, do A TARDE
09/08/2008 (19:57)

A Prefeitura de Salvador garante que está perto de ser concedida a imunidade fiscal para o Terreiro Casa Branca, além de ser cancelada a cobrança de pouco mais de R$ 820 mil referente a IPTU. Formalizadas essas providências estará reconhecida, oficialmente, a qualidade de templo religioso para o terreiro.

A imunidade, neste caso, é um direito constitucional. Mas a polêmica pode não terminar tão facilmente, afinal já há queixa formalizada sobre o caso no Ministério Público Estadual e continua uma campanha de protesto via internet.

Numa nova modalidade do correio nagô – a transmissão de notícias via oral – a estratégia de apoio ao terreiro está funcionando via internet. Os defensores do templo religioso participam enviando e-mails de protesto ao prefeito João Henrique.

“Começamos a campanha na semana passada e a adesão já veio de pessoas que estão na França, Inglaterra, Itália, Noruega”, enumera o doutor em antropologia e ogã da Casa Branca, Ordep Serra, autor do manifesto em defesa do terreiro que começou a ser veiculado na internet.

O MP deve se pronunciar sobre o caso nesta semana, quando vai decidir se irá instaurar inquérito para apurar cobrança do imposto a outros terreiros. A Casa Branca é considerado o mais antigo terreiro de tradição ketu do País. Foi o primeiro templo de matriz africana reconhecido como patrimônio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Além disso é reconhecido pela Prefeitura de Salvador como área de proteção cultural e paisagística, além de patrimônio cultural. Para o antropólogo a cobrança pode ser considerada intolerância religiosa. “Chegaram a cobrar a dívida de Antônia Maria dos Anjos que é uma pessoa que morreu na primeira metade do século passado. Isso é, no mínimo, imoral”, acrescenta Serra.

Lei – O poder municipal também desapropriou a área onde ele foi erguido. Em seguida fez a doação do terreno à associação civil que o representa. Mais tarde o governo estadual fez o mesmo com a área onde está a Praça de Oxum. “Tudo isso está bem documentado e é de conhecimento público”, acrescenta Serra.
A advogada Elga Lessa explica que existem quatro processos de execução fiscal contra a Casa Branca, dentre os quais um de arresto, uma determinação legal usada quando o réu não é encontrado. O problema é que a ré em questão, Antônia Maria dos Anjos, faleceu há mais de 70 anos.

“O grande entrave é que eles pedem comprovação de documentação que no caso de um terreiro tão antigo não se reúne tão facilmente”, destaca a advogada da Koinonia, uma ONG com atuação inter-religiosa e que em Salvador tem assessorado os terreiros em relação à questão de preservação das suas áreas.

A advogada faz referência ao que a Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) que cuida das questões de cobranças de impostos municipais, reconhece como dificuldade no tratamento de situações envolvendo terreiros: o Estado reluta diante das peculiaridades destas organizações. Os terreiros são templos religiosos erguidos em propriedade particular, inclusive com área ocupada para a fixação da residência dos seus integrantes.

“Reconhecemos o quanto esta questão é complexa. Mas ao mesmo tempo temos que ter muito cuidado para não criarmos precedentes que venham a ser aproveitados por quem não tem direito ao benefício”, destaca o procurador do município e coordenador de Tributação da Sefaz, Rafael Carrera.

Em relação à Casa Branca, Carrera afirma que já foram tomadas medidas como o pedido de suspensão das cobranças judiciais junto à Procuradoria do Município. Para a imunidade, a espera agora, segundo ele, é pelos resultados de uma perícia técnica que deve ficar pronta em 30 dias. A partir do resultado dela a imunidade será declarada.
“Mas o nosso objetivo é exatamente esclarecer que temos que ter um trabalho de parceria, ou seja, há providências também que devem ser tomadas pelos terreiros, pois há um limite pra a nossa atuação institucional”, acrescenta.

O advogado e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e Universidade Católica do Salvador (Ucsal), Samuel Vida afirma que do ponto de vista do Direito Constitucional a cobrança de IPTU dos terreiros é inconstitucional. “A Constituição Federal, no Art. 150, estabelece a imunidade tributária para os templos de qualquer culto”, diz.

Além disso, segundo ele, a Constituição, nos artigos 215 e 216, também reconhece a sociedade brasileira como multicultural e a tradição afro-brasileira como patrimônio nacional. “Logo, as peculiaridades civilizatórias constitutivas da religiosidade de matriz africana não podem ser utilizadas para embaraçar ou impedir o exercício do direito à liberdade religiosa”, diz.

Tombamento do Terreiro Casa Branca

Alexandre Dumas, pai

Foto: Félix Nadar (1854)
Para mais informações e fotos, consulte a Wikipedia

"É muito fácil esquecer que este autor era mulato - sua avó materna foi uma escrava da ilha de Haiti e seu sucesso monstruoso foi alcançado a despeito de todos os preconceitos raciais da sua época". - Correspondente da BBC (em inglês)

Este grande escritor francês poderia entrar para o rol de grandes "homens de côr preta" lembrados por Manuel Querino. Suas obras mais conhecidas no Brasil são:
  • O Conde de Monte Cristo
  • Os Três Mosqueteiros (Les Trois Mousquetaires, 1844)
  • O Homem Com a Máscara de Ferro)
  • Alexandre Dumas, filho, é mais conhecido pelo belo romance "A Dama das Camélias", que inspirou as óperas La Traviata e La Bohème e o filme Moulin Rouge.




    quinta-feira, 7 de agosto de 2008

    Cartaz do Seminário Nacional Manuel Querino

    Programação Provisória do Seminário Nacional Manuel Querino - de 25 a 29 de agosto

    A inscrição é gratuita, mas as vagas são limitadas. Pode ser feita pelo e-mail: eventos@ighb.org.br
    Para maiores informações, visite: www.ighb.org.br

    Segunda-feira dia 25 de agosto de 2008
    AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

    13h30
    Credenciamento (inscrição gratuita)


    14h30
    Mesa de Abertura: Profa. Consuelo Pondé de Sena(Presidente IGHB);
    Prof. Edivaldo Boaventura (Presidente Academia de Letras da Bahia);
    Sr. Zulu Araújo(Presidente Fundação Palmares);
    Sra. Adriana Castro(Presidente da Fundação Gregório de Mattos);
    Sr. Luiz Alberto dos Santos(Secretário Estadual de Promoção da Igualdade Racial);
    Sr. Ourisval Joviniano Sant’Ana (Presidente do Diretório Administrativo da Associação Protetora dos Desvalidos – SPD);
    Deputada Fátima Nunes (Presidente da Comissão Especial de Promoção de Igualdade da Assembléia Legislativa da Bahia);
    Sr. Bartolomeu Dias Cruz (Presidente do Núcleo Omi-Dùdú - Resgate e Preservação da Cultura Afro-Brasileira)


    15h00


    Palestra: Manuel Querino: Vida e Obra – Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal (UNEB)

    Palestra: A formação Intelectual de Manuel Querino – Profa. Dra. Marli Geralda Teixeira. (Fundação Visconde de Cayrú)

    Palestra: Manuel Querino nos estudos de Bradford Burns – Profa. Dra. Consuelo Novais Sampaio (UFBA/ALB)


    17h30
    Debate e encerramento

    Terça-feira dia 26 de agosto de 2008
    AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

    14h30

    Palestra: Manuel Querino e “A Arte Culinária na Bahia”.– Prof. Vivaldo da Costa Lima (UFBA)

    Palestra: Manuel Querino iniciador dos estudos sobre a culinária baiana – Prof. Vilson Caetano Júnior (UNEB)

    Palestra: Tenda dos Milagres e as teorias raciais no Brasil na virada do século XIX para o XX. – Profa. Ilana Seltzer Golddstein (UNICAMP)

    Coordenador/Mediador: Profa. Ms. Sabrina Gledhill

    17h30
    Debate e encerramento


    Quarta-feira dia 27 de agosto de 2008
    AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

    14h30
    Palestra: Manuel Querino e a luta contra o “Racismo Científico” – Profa. Ms. Sabrina Gledhill

    Palestra: Raça, identidade nacional e interpretação do Brasil na visão de Manuel Querino.– Prof. Carlos Antonio Reis (UNESP)

    Palestra: Manuel Querino educador – Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal (UNEB)

    Coordenadora/Mediadora: Profa. Wlamyra Albuquerque (UEFS/FPC)

    17h30
    Debate e encerramento

    Quinta-feira dia 28 de agosto de 2008
    AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

    14h30
    Palestra: Fotografias da Gente Negra no ensaio etnográfico de Manuel Querino – Profa. Ms. Christiane Vasconcellos. (UEFS)

    Palestra: Manuel Querino – O “Vasari” brasileiro – Prof. Dr. Luiz Alberto Freire (UFBA-EBA)

    Palestra: Manuel Querino nos estudos de Eliane Nunes – Profa. Dra. Maria Hermínia Hernadez (UFBA-EBA)

    17h30
    Debate e encerramento

    Sexta-feira dia 29 de agosto de 2008
    AUDITÓRIO DO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA

    14h30
    Palestra: Manuel Querino: seus estudos sobre a independência da Bahia – Profa. Wlamyra Albuquerque (UEFS/FPC)

    Palestra: Manuel Querino nos estudos de Pedro e Jorge Calmon – Profa. Consuelo Pondé de Sena (UFBA/IGHB)

    Palestra: Manuel Querino: sua importância hoje – Profa. Dra. Vanda Machado

    17h30
    Debate e encerramento

    CV de Manuel Querino

    Manuel Querino escreveu seu currículo com seu próprio punho. Este documento faz parte do acervo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Faça o download aqui

    quarta-feira, 6 de agosto de 2008

    terça-feira, 5 de agosto de 2008

    Kilombo Tenonde - A harmonia da vida Rural no cenário Urbano

    A semente do Kilombo Tenondé esteve sendo plantada a séculos nos Quilombos brasileiros. Reconhecemos as novas formas de opressão na sociedade moderna e industrial. Usando de espaço e de atividade, o Kilombo Tenondé promove a regeneração da criatividade, do pensamento e de ideais; busca a reconstrução da estrutura comunitária, hoje enfraquecida.

    Localizado em Coutos-Subúrbio Ferroviário de Salvador e na cidade de Valença - Bahia, o Kilombo promove atividades como Permacultura, Agrofloresta, Bio-construção e Capoeira Angola. Venham nos conhecer!!!

    Melhores informações: www.kilombotenonde.com
    www.ficasp.com.br/permangola

    sábado, 2 de agosto de 2008

    CEAO: FILÓSOFO MOÇAMBICANO MINISTRA CURSO NO PÓS-AFRO

    www.posafro.ufba.br/
    O Prof. Dr. Severino Ngoenha, da Universidade de Lousanne/Suiça, ministrará, de 25 a 29 de agosto de 2008, no Pós-Afro, o mini-curso: "Metamorfoses da(s) cidadania(s) africana(s)"
    O Curso terá carga horária de 15 horas e se insere nas atividades de abertura do 2º semestre do Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos/CEAO/UFBA.
    Período: 25 a 29 de agosto de 2008
    Hora: 15:30 às 18:30
    Local: Auditório Milton Santos/CEAO
    Inscrições: 12 a 14 de agosto de 2008
    14:00 às 18:00 - Secretaria do Pós-Afro
    (vagas limitadas)
    PROGRAMAÇÃO
    "Metamorfoses da(s) cidadania (s) africana(s)"
    Prof. dr. Severino Ngoenha (Universidade Lousanne)

    SESSÃO 1

    Direitos do Homem, cidadania e identidades colectivas: a África entre as pertenças cosmogónicas endógenos e as invenções exógenas.

    Existem três Africas : a cosmogónica, a africanista e a afro-centrica. A primeira levanta problemas quanto ao estatuto cívico dos seus membros, pois a escravatura era praticada antes mesmo da chegada dos europeus. A segunda releva da estigmatização de ordem teologica, filosofica e juridica, de que os africanos foram vitimas, que acabou caucionando ( codigo de Luis XIV) o seu estatuto de homem sem direitos ou de não homem. A terceira tem a ver com a tentativa de se pensar como sujeito de direitos no quadro do encontro (scontro) com o mundo ocidental.

    Referências bibliográficas

    Bernal, M. (1987/1991). Atena Nera. Le radici afroasiatiche della civiltà classica. Parma: Pratiche Editrice.

    Mbembé, A. (2000). « A propos des écritures africaines de soi ». Politique africaine. N° 77. pp. 16-43. [também em português na revista Estudos Afro-Asiáticos]

    Mundibe, V. Y. (1988). The invention of Africa : gnosis, philosophy, and the order of knowledge. Bloomington : Indiana univ. press ; London : J. Currey , cop.

    SESSÃO 2

    Escravatura, direitos e cidadania.

    A emancipação da escravatura como luta para o reconhecimento dos direitos humanos.

    A luta pela emancipação da escravatura vai até o fim do século XIX e compreende factos como o marronismo na Jamaica, a Republica das palmeiras no Brasil, a Independência de Haiti, a criação da Libéria e Serra Leoa, etc. Sob ponto de vista teórico este período levanta questões antropológicas quanto ao estatuto do homem Negro, do direito primeiro internacional como foi pensado na escola de Salamanca sobretudo por Vitoria – que aliás volta a actualidade -, mas também levanta questões ligadas a compreensibilidade mesma dos direito do homem.

    Referências bibliográficas

    Ferrajoli, L. (1997). La sovranità nel mondo moderno. Nascita e crisi dello Stato nazional. Roma-Bari : Editori Laterza.

    Ngoenha, E. S. (1993). Das independências às liberdades. Filosofia africana.. Maputo: Edições Paulistas-Africa.

    SESSÃO 3

    Paradoxo entre os direitos reconhecidos e uma cidadania negada.

    A integração social supõem a passagem do estatuto de coisa ao estatuto de pessoa e a conseguente possibilidade de ser cidadão. Digo possibilidade porque o reconhecimento jurídico só tem sentido se for acompanhado por medidas que permitão a integração social. Ora a um século do fim da escravatura os problemas de integração subsistem em todo continente americano. Onde se encontra solução, na discriminação positiva, no "Back to Africa" ou no afrocentrismo?

    Referências bibliográficas

    Asante, M. « Afrocentricity: Toward a New Understanding of African Thought in this Millennium ». In Molefi Kete Asante Homepage [on line].

    http://www.asante.net/scholarly/afrocentricity.html

    Du Bois, W. E. B. (1903/1999). As almas da gente negra. Rio de Janeiro: Lacerda Editores. pp. 49-91

    Lara, O. D. (2001). « La Conférence Panafricaine de Londres. Un centenaire à commémorer, 1900-2000 ». Présence Africaine. N° 163-164. pp. 103-120.

    SESSÃO 4

    Dilema entre o direito à autodeterminação (cidadania política) e a dependência económica (cidadania social).

    Dois aspectos do caminho libertário africano estão intimamente ligados: as nossas independências politicas estão a falhar pois assistimos a um processo de neo-colonialismo que é facilitado pela dependência económica que põem a Àfrica fora da historia no sentido de Hegel. Não só não participamos na globalização económica, mas também na globalização cultural ou se quisermos, na emergência de uma cidadania mundial e do cosmopolitismo. Nas metamorfoses actuais da cidadania como são discontidas na filosofia politica, ligadas a sua extensão geográfica e a sua separação da dimensão do nacional e do cultural, qual vai ser o lugar da África, das Áfricas?

    Referências bibliográficas

    Appiah, K. A. (2006). Cosmopolitanism. Ethics in a World of Strangers. London : Penguin Books Ltd.

    Fanon, F. (1961/1987). Les damnés de la Terre. Paris: Ed. de la Découverte.

    Lopes, F. (2007). E se l’Africa sparisse del pianeta Terra ?. Milano: Filtrinelli (en voie de publication).

    Ngoenha, E. S. & Ferilli, L. (2007). « Eduquer à la citoyenneté ou aux citoyennetés ? ». [documento em anexo]

    SESSÃO 5

    « Fromhuman wrongs to human rights ». Ubuntu, novo modelo de cidadania mundial ?

    Entre os vários questionamentos filosóficos que o processo da mundialização suscita, ressaltam a uniformização axiológica e cultural do mundo; o paradoxo ecológico, entre o imperativo de uma solidariedade diacrónica para com as gerações futuras e o esquecimento - no sentido heideggeriano - de uma solidariedade sincrónica para com os países pobres do planeta. Mas a questão crucial é a assimetria sempre maior entre a globalização de riscos e a localização de riquezas, o que levanta imediatamente a questão da justiça planetária.

    Referências bibliográficas

    Cassin, B., Cayla, O., Salazar, P.H., (dir.), (2004). Vérité, reconciliation, réparation. Paris: Ed. Seuil.

    Krog, A. (1999). Country of my skull. London: J. Cape.

    Ngoenha, E. S. (2006). « Ubuntu : new model of global justice ? ». Indilinga. African Journal of Indigenous Knowledge systems. Vol. 5. N° 2. pp. 125-134. [tradução portuguesa anexada]