segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Invasão na casa de Oxalá do Ilê Axé Opô Afonjá

É com tristeza que comunico que o Templo Sagrado do Ilê Axé Opô Afonjá, foi invadido nessa madrugada e a casa do nosso Pai OXALÁ, teve todos os compartimentos violados e revirados por marginais.
Temos que pedir orientação a OLORUM, para podermos encontrar uma forma que possa acabar com tanta violência em nossa Cidade e Estado.
Vejam que as invasões nos terreiros de Candomblés, vem acontecendo sistematicamente e as autoridades não fazem absolutamente nada, nem explicações a sociedade eles são capazes.
Não podemos mais ficar parados, aguardando soluções dos homens que ajudamos a colocar no poder, na tentativa de mudanças politícas.
O que precisamos dos nossos governantes é algo simples e que está ao alcance deles;
P A Z.
Peço a todos e todas que DENUNCIEM e DIVULGUEM, mais essa violência contra o AFONJÁ.
Axe!
Roberto Rodrigues Olugobenirá
Ogã de Iansã do Ilê Axé Opô Afonjá

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Feliz Dia de Ação de Graças!

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domingo, 22 de novembro de 2009

Entrevista com Mãe Stella de Oxossi no Blog Bahia Notícias

Foto: Alessandra Benini / Bahia Notícias
O Blog Bahia Noticias realizou esta entrevista com Mãe Stella de Oxossi.

Os filhos e filhas de santo se aproximam de Mãe Stella de Oxóssi com os olhos vazando reverência. Ela os acolhe, ouve e aconselha a todos. Na verdade a presença da Ialorixá de 84 anos se impõe sobre a gente em redor, independente de crença, com uma firmeza suave. Mãe Stella não parece falar em nome de nenhuma religião, mas representar (encarnar) o sagrado de que a humanidade não pode abrir mão. Não há como permanecer incólume diante de seu apelo firme pelo respeito e o amor entre as pessoas. Nesta conversa ela reafirma uma vez mais as suas posições já bastante conhecidas, e por vezes polêmicas, com a sobriedade e o desassombro de quem, por saber o que diz, não precisa provar nada para ninguém. Presente de Dia da Consciência Negra.

James Martins – Eu quero que a senhora comece falando sobre a relação da religião com o poder, com a política, porque o candomblé, historicamente, teve uma relação conturbada com os poderes oficiais, com perseguição policial e tudo o mais, mas também, por outro lado a fundadora desta casa [Ilê Axé Opô Afonjá], Mãe Aninha teve uma boa relação com Getúlio Vargas, teve aquela lendária visita dela ao Palácio do Catete. E a Senhora, como é que tem se relacionado com...

Mãe Stella – A minha relação com Lula? (risos) Sim, porque se ela se relacionou com Getúlio Vargas eu posso me relacionar com Lula, não é? É a mais amena possível. Ele nunca nos perseguiu, e pelo gosto dele também ninguém é perseguido. E com os governantes de Salvador também, na atualidade, que aquelas coisas já passaram, de chefe de polícia e tudo o mais... Eu posso dizer que o candomblé resistiu àquelas opressões todas e por causa da força dos nossos orixás e do nosso merecimento, nós nos livramos delas. Agora, das maldades da atualidade fica difícil se livrar.

JM – Quais seriam essas maldades?

Mãe Stella – Maldades... filho matando mãe; outros matando por causa de uma camisa; outro querendo ofender algum outro; outro com conversas capciosas; tudo isso são ofensas que dão até para matar o sujeito. Mas, quando a gente tem compromisso com a verdade, compromisso com o bem, tudo isso é superado. A discriminação existiu e ainda existe mas a resistência do candomblé, do povo de axé, supera essas coisas todas. E nós não temos muito tempo para prestar muita atenção aos opressores, aos perseguidores. Nós estamos é trabalhando por uma causa que é a religião.

JM – E o candomblé tem essa relação de respeito aos mais velhos como um princípio, a relação com a ancestralidade. Isso tem faltado talvez hoje na vida cotidiana da sociedade?

Mãe Stella – É o sujeito não respeita mais o pai, nem a mãe, nem o mestre, não é? Todo mundo agora é muito igual. E o que segura a religião até hoje é a hierarquia, é o respeito pelo mais velho, pelo superior. E o superior, para nós, é o mais velho. E nós, mais velhos, que eu já sou uma senhora de 84 anos, temos a obrigação de trabalhar em prol da moral, dos bons costumes e das boas ações, para poder deixar plantado isso pra vocês que chegam depois, como um exemplo, para a gente poder viver feliz.

JM – E aí entra também a questão do ensino formal. Aqui no terreiro tem uma escola, batizada com o nome de Mãe Aninha, onde se ensina também a religião afro-brasileira, digamos assim, não é?

Mãe Stella – Nós não ensinamos a religião. Nós falamos sobre o candomblé de uma forma social, de uma forma didática, cultural... Não é ensinando propriamente candomblé, mas mostrando também que toda religião, como todo ser humano, merece respeito e consideração. Então, se o candomblé abriga uma escola, que é a Escola Eugênia Anna dos Santos, é evidente que nós também incrementamos aquele respeito para com a nossa religião, para com o povo de axé. E nós agradecemos também às autoridades constituídas que instituíram aquele decreto onde toda escola deveria ensinar alguma religião, sem ser forçado ensinar apenas tal religião, por que é a oficial. Não existe religião oficial. Toda religião é aceita, desde que não vá contra a moral, nem contra a humanidade.

JM – E quanto ao tombamento do Axé? Eu li uma declaração muito inteligente da senhora, argumentando com algum receio sobre o tombamento, porque, embora traga segurança, também tem o lado de manter as coisas estáticas, e a mudança também é necessária.

Mãe Stella – É, quando eu falei isso –e continuo dizendo- é porque, pra gente conservar qualquer coisa que tenha, até um simples anel, de vez em quando precisa dar um lustro não é? Se uma telha de sua casa cair você quer consertar. E o ‘Patrimônio’ [o IPHAN – Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional], ele gosta de conservar as coisas como eram no princípio. Eles acham aquilo de tal importância que não pretendem mudar. Mas quando a gente fala não mudar, não quer dizer que vai deixar cair porque não pode mexer. Se essa casa aqui, uma árvore cair em cima do telhado, é evidente que eu tenho que trocar o telhado. Isso não tá mudando, de maneira nenhuma, a arquitetura. E o meu receio era esse, que não pudesse mexer como a gente queria pra embelezar, pra conservar. Mas quando eu vi que não era isso, que era apenas para segurar o imóvel, então eu achei que seria uma coisa boa, principalmente por causa da especulação imobiliária, o lance das invasões e tudo e o IPHAN é um aliado.

JM – E falando nisso, teve aquele caso polêmico da derrubada de um terreiro pela prefeitura de Salvador.

Mãe Stella – É, eu soube pelos jornais... mas nem posso falar nada por que só soube pelos jornais mesmo.

JM – E ainda falando mais ou menos disso, segunda-feira eu estive aqui pro xirê de Iroko, e notei que vários trechos das cantigas sagradas foram estilizados e aproveitados por compositores em músicas profanas, da chamada indústria cultural. Qual é o limite que a senhora considera necessário para essa apropriação de símbolos sagrados no mundo profano?

Mãe Stella - Se for para o profano deixa de ser sagrado. Então, eu não sou contra que numa canção cite qualquer palavra, ou mesmo algum símbolo do candomblé, contanto que não vá mexer na profundidade do sagrado. Você vê que até com a igreja católica acontece isso... sambas de roda [cantarola] ‘oh minha nossa senhora (...)’ e não sei o que! Tá depreciando? Não tá. É a mesma coisa aqui com o candomblé. São palavras que eles tiram pra fazer rimas dentro de um sentido e também não acho que seja nada demais. Agora o que não deve ser é empregar do sagrado em festas profanas como escolas de samba, carnaval... vestidos de orixá – porque o orixá para nós é sagrado- em cima do trio elétrico, essas coisas é que nós não admitimos.

JM - O candomblé é muitas vezes abordado como um exotismo quase folclórico, o que, de certa forma atrai muita gente aos locais sagrados como se estivessem indo ao teatro. Como é que a senhora lida com a sociedade de consumo do candomblé?

Mãe Stella – Isso existe porque o mal informado às vezes quer bancar o sabido, não é (?), aí fala asneiras... mas a gente não pode perder muito tempo com essas coisas não, que aí é retrocesso. Se a gente tem certeza do que faz, tem uma coisa correta, deixe quem quiser falar e vamos ter consciência de que nós estamos no caminho certo. O demais é a ignorância. O ignorante acha que é sabido e passa por bobo (risos).

JM – Eu queria que a senhora falasse um pouco de sua mãe espiritual, que foi lendária Mãe Senhora de Oxum.

Mãe Stella – Senhora é insubstituível, por que não pode encarnar outra Senhora, não é? Mas a presença dela, os ensinamentos, para mim não existem iguais. Aprendi muita coisa com ela e pretendo conservar.

JM – Já é bem conhecida a sua posição, mas eu quero pedir que a senhora fale uma vez mais sobre a sua posição contrária ao sincretismo religioso nos dias de hoje.

Mãe Stella – Já está cansativo, mas é que se você acredita numa coisa, tem certeza do que faz, então para quê misturar com outra prática? Quem faz isso está misturando tudo e não está satisfazendo, nem agradando, nem valorizando ninguém. Fica como uma salada não é?

JM – E esse boom pentecostal, as igrejas evangélicas crescendo tanto em Salvador, temos um prefeito evangélico, chegamos a ter várias lideranças ligadas às igrejas evangélicas encabeçando as pesquisas na última eleição municipal. Isso incomoda de alguma forma, já que eles têm uma postura tão intransigente quanto às outras religiões?

Mãe Stella – Não rapaz, o sol nasce para todos. A política não exige que você para se candidatar a tal coisa tenha que seguir tal prática religiosa. Então a gente entrega ao divino que ele deixará vencer aquele que for o melhor para a humanidade. De repente o candomblé não é o melhor para a humanidade. De repente outra religião é o melhor. Então vamos pedir para que o melhor fique. Quando chega um candidato aqui e pedem para ser apresentados ao orixá, eu peço, na frente do candidato, que se for para o bem dele e da sociedade, que ele seja eleito. E se o orixá vir que ele é bom, ele vai ficar. Nós não temos preferência de religião, embora para nós a nossa seja a melhor, é claro, não tem outra. Mas não é que ela seja a verdadeira para a humanidade, nem seja boa para a humanidade. Já se ouviu tanta atrocidade em cima da religião católica, não é? A mesma coisa com outras religiões, o próprio candomblé, muita gente diz que a gente anda só pra maldade, tudo isso... e não é. Cada um faz a fantasia que quer em cima da coisa.

JM – Eu sei que a senhora gosta de ir ao cinema. Chegou a ver este filme novo, Besouro, sobre o capoeirista?

Mãe Stella – Não.

JM – Quais foram os últimos filmes que a senhora viu?

Mãe Stella – (risos) Agora com televisão ninguém vai mais ao cinema. Eu mesma não vou, porque é mais cômodo, ficar na televisão assistindo aos programinhas de tarde... Sou uma senhora de 84 anos, não dá muito tempo não. Prefiro ir, às vezes, num teatro, uma coisa assim mais diferente.

JM – Só para terminar eu vou falar os nomes de algumas pessoas e a senhora me diz o que elas te lembram. O primeiro: Pierre Verger.

Mãe Stella – Ah, foi um jornalista, um amigo do candomblé, que deixou muito trabalho pronto aí.

JM – Antonio Carlos Magalhães.

Mãe Stella – Uma figura política, baiana, inesquecível também.

JM – Dorival Caymmi.

Mãe Stella – Outro. Cantor inesquecível, filho da casa, nosso amigo, nosso irmão.

JM – Vivaldo da Costa Lima.

Mãe Stella – Ave Maria! Tá vivo aí e eu peço a Ogum todo dia que segure ele na terra, que ele é uma figura ímpar no candomblé e na sociedade, por que é um grande professor.

JM – Carybé.

Mãe Stella – Outra lembrança, assim de saudades mesmo, por que ele foi nosso irmão e nos ajudou bastante.

JM – E por fim Jorge Amado.

Mãe Stella – Outra figura interessante também, que era daqui do Axé também e ele botou, ao modo dele, de uma forma lúdica, as coisas da prática do candomblé nos livros, de uma forma interessante.

JM – Muito obrigado. E agora deixe uma mensagem para a Cidade do Salvador.

Mãe Stella – Que vocês continuem divulgando as coisas assim sempre de uma forma certa, corajosa, verdadeira... e que vá servir para tocar no coração dos homens, que eles sejam mais humanos, os filhos respeitem os pais, respeitem os mais velhos, respeitem a sociedade e a Deus. E a você também, que seja um bom jornalista.

sábado, 21 de novembro de 2009

Desenho Linear das Classes Elementares, de Manuel Querino

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Livro da autoria de Manuel Querino: "Artista Diplomado pela Escola de Belas Artes da Bahia e Professor Livre de Desenho Industrial no Colegio dos Órfãos de S. Joaquim, Escola Bahiana, etc."

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Presente aponta para celebração de união dos afrodescendentes

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Vanda Machado | Redação CORREIO

Em comemoração ao dia da Consciência Negra, o jornal CORREIO lançou o caderno especial 'BahiÁfrica - sonho presente' que traz artigos envolvendo literatura, esportes e humanidades sobre o continente africano e o reflexo no nosso dia-a-dia e na Bahia. Confira na íntegra o artigo da doutora em educação, Vanda Machado.

O PRESENTE

Dia 17 de novembro, terça feira amanheço no terreiro Afonjá e muitas memórias se juntam e se repetem como desde que me reconheço como gente de santo. Ainda não há sol e me junto a outras mulheres na casa de Xangô. Estamos nos preparando para o Presente. Carregamos talhas e um balaio com oferendas para Oxum e Iemanjá. As Mães ancestrais recebem o carinho e o reconhecimento de seus filhos.

De volta, Mãe Stella nos esperava e nos abençoa, um por um, seus filhos e filhas, agora compondo o seu navio guerreiro. É a última celebração pública do ano. Estamos juntos festejando a vida desde a última sexta feira do mês de setembro, quando celebramos as Águas de Oxalá.


Rainhas e reis foram sequestrados e vieram como mercadorias, trazendo na lembrança, cultos e rituais, que foram passados oralmente de pai para filho, a chamada “memória ancestral”

Esta é uma reminiscência de negras e negros quando recriaram celebrações, como forma de trazer de volta o passado, que renasce todo ano, com rezas, cantos e danças, mantendo e revivendo sempre, a memória num passado que se faz presente como novidade. Um passado que se conserva no espírito de cada negra ou negro e faz celebrar a vida, cantando e dançando com seus ancestrais. Memória que se apresenta quase como um sonho coletivo e que continua se refazendo pela repetição desde a chegada do povo africano no Brasil.

Para criar as riquezas que deram lugar à nação brasileira, nossos ancestrais negros foram seqüestrados e trazidos empilhados como peças humanas, ou corpos sem dor e sem alma. Homens e mulheres que deixaram tudo que lhe era afetivo e precioso no outro lado do Atlântico. Naquele momento, a questão seria: como recuperar a dignidade dessas criaturas no mais completo desterro e abandono.


Memórias se juntam e vivências apontam para a celebração de amor e união dos afrodescendentes

Negras e negros escravizados mergulhados em si mesmos, buscam na mais antiga memória valores culturais carregados do sentimento de agregação como espelho da família ancestral. Família que transcende aos laços biológicos, etnias e qualquer outra possibilidade de disjunção. Isso significa que nos primeiros momentos nos navios negreiros, pela necessidade de acolhimento mutuo negros e negras se tornaram malungos. Malungo na língua banto significa irmão ou companheiro de viagem. Mais tarde, esse mesmo sentimento fez com que esses malungos confiassem uns nos outros e fugissem em grupos formando os quilombos inventando a liberdade da gente.

A agregação propiciou o nascimento das irmandades católicas de Nossa Senhora do Rosário, Irmandade da Boa Morte, de São Benedito, Santa Helena e tantas outras, espalhadas por todo Brasil. Surgiram, também, as sociedades; a exemplo dos Pretos Desvalidos e, finalmente, as Casas de Santo ou comunidades terreiros.

Nos terreiros, pelo cuidado e acolhimento nasceram as famílias de santo, com sua força e seus mistérios. Devido aos segredos e mistérios, as religiões de matriz africana ou exercem uma força e um fascínio nas pessoas e na sociedade, ou provocam raiva e intolerância daqueles que ainda não aprenderam conviver com a sua própria história.

Acabaram-se as festas deste ano. Há pouco estávamos todos no mesmo barco. Tinha gente de todo jeito e de toda cor. Nós nos separamos, nos abençoando mutuamente. Fomos nos afastando guardando um sentimento inexplicável. De fato a herança africana de que falamos está imbricada com a história desse país, produzindo uma teia de vivências que se repetem cotidianamente nas singularidades e nas diferenças do jeito de ser do seu povo.

São as vivências comunitárias que recuperam da ancestralidade a consciência mítica plena de rituais, de expressões de significados sagrados e um repertório de simbologias reterritorializando e transformando a cultura numa religião que acolhe cada pessoa como ser único, pelo respeito à sua individualidade e a sua importância como filho da comunidade e membro importante da família de santo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Emanuel Araújo abre exposição no Muncab 19.11.09

A mostra enfoca a cultura do Benin com peças e expressões artísticas ligadas às tradições e à contemporaneidade


Com uma numerosa equipe própria vinda de São Paulo e apoio de trabalhadores locais, o artista plástico Emanoel Araujo, atual curador do Museu Afro-Brasil (SP ) ex-diretor da Pinacoteca de São Paulo, iniciou em Salvador a montagem da megaexposição internacional Benin está vivo e ainda lá – ancestralidade e contemporaneidade, que será aberta ao público no dia 19 de novembro. A mostra é a primeira realização do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), instituição federal que está sendo implantada no Centro Histórico de Salvador, com recursos do Ministério da Cultura.

Um diferencial da mostra é que ela será apresentada em meio ao canteiro de obras do Museu, que somente será inaugurado em 2010. “Queremos com isso mostrar que somos um museu em processo”, explica José Carlos Capinan, coordenador da Associação dos Amigos da Cultura Afro-Brasileira(Amafro), responsável pela processo de instalação do Muncab.

A exposição, considerada a mais importante evento da arte beniense no mundo, vai ocupar os dois pavimentos do prédio em estilo neo-clássico que abrigará o museu, localizado na Rua do Tesouro. São cerca de 300 trabalhos que traduzem a criatividade artística e os valores culturais do Benin, minúsculo país africano que guarda extrema ligação histórico-cultural com o Brasil e, em particular, com a Bahia, desde o período da escravidão. As peças (pinturas, esculturas, instalações, máscaras, etc) remetem às fortes tradições benienses, mas também contemplam a contemporaneidade do Benin, marcada por estilos audaciosos e vanguardistas de interpretação artística da realidade. “Esta exposição é uma verdadeira oferenda à Bahia, que resgata nossa ancestralidade, encontra nossas tradições”, observa Capinan.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Mês da Consciência Negra - Palestras

A Comunidade Angoleira da

ACANNE CONVIDA

para a escuta sobre Saber Ancestral no

Mês da Consciência Negra

PROGRAMAÇÃO

Dia: 11/11/09 (4ª. Feira). PALESTRA

18H “O intelectual senegalês Cheikh Anta Diop e sua teoria do Egito negro

africano”

Profª. Paola Vargas Arana, mestre em Estudos Africanos, El Colégio de México

19H30 Aula de Capoeira com Mestre Renê Bitencourt

Dia: 16/11/09 (2ª feira). FILME:

18H Exibição do filme Um Grito de Liberdade (Cry Freedom).

Direção:Richard Attenborough, Inglês, 1987.

19H30 Aula de Capoeira com Mestre Renê Bitencourt

Dia: 17/11/09 (3ª feira)

18H Profº. Benvindo Maloa – Universidade Pedagógica de Moçambique e Mestrando

em psicologia, UFBA, Histórias de Moçambique.

Dia: 18/11/09 (4ª feira) – PALESTRA

18H “Filosofia da Consciência Negra de Stephen Biko e o Movimento na África do Sul”

Profª. Christianne Vasconcellos, mestre em História Social, UFBA

19H30 Aula de Capoeira com Mestre Renê Bitencourt

Dia: 19/11/09 (5ª feira) – PALESTRA

18H Paulo Magalhães – Mestrando em Ciências Sociais UFBA

Histórias de Capoeiragem na Bahia

Dia: 20/11/09 ( 6ª feira)

RODA 19H Roda de Capoeira em homenagem ao mês da Consciência Negra.

Dia: 21/11/09 (sábado)

FEIJOADA Roda de Capoeira seguida de Samba de Roda, ao sabor da Feijoada ACANNE
Endereço ACANNE: Rua do Sodré, 48 Largo Dois de Julho.
Pontos de referência: Próximo ao Colégio Ipiranga, na rua do Museu de Arte Sacra.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

III Bahia Afro Film Festival

15 a 24 de Janeiro 2010 Cachoeira Bahia Brasil

Inscrições para mostra competitiva até 15 de Dezembro de 2009

Para mais informações, visite www.bahiaafrofilmfestival.com.br/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Neguinho do Samba

Foto: Haroldo Abrantes, Ag. A Tarde

Carine Aprile, do A TARDE e A TARDE On Line

Morreu no início da tarde deste sábado, 31, por volta das 14 horas, o baiano criador do samba-reggae, Antonio Luís Alves de Souza, mais conhecido como Neguinho do Samba, 54 anos, em decorrência de uma parada cardíaca. O músico deixou sete filhos e uma legião de admiradores e alunos.

O corpo do artista, que foi um dos fundadores do Olodum e criador da Escola Didá, está sendo velado na sede da Associação Educativa e Cultural Didá. O enterro será na terça, 3, já que parentes aguardam a chegada de um dos sete filhos de Neguinho, que mora na Itália. A cerimônia está marcada para às 14 horas, no Cemitério Jardim da Saudade.

Segundo informações da família, Neguinho já vinha reclamando da saúde nos últimos 15 dias. Nesta madrugada, por volta das 3 horas, o músico sentiu um mal estar e foi de táxi ao posto médico de Pernambués. No local, ele foi medicado e retornou à sua residência, no Pelourinho, voltando a se sentir mal no início desta tarde, quando veio a falecer.

Neguinho do Samba era cardiopata e há três meses perdeu uma irmã. Pessoas próximas afirmaram que, em virtude disto, andava triste. Mas ele morreu onde queria: em sua residência, um casarão no Pelourinho, onde também funciona a Escola Didá.

"Ele deixou um legado, uma marca de como se faz samba na Bahia. Eu acompanhei o processo de desenvolvimento do Olodum e ele já experimentava as novas fusões do reggae com o samba. Depois, acompanhei o trabalho cultural que ele fez com a Banda Didá. E por ironia do destino faleceu dentro da própria escola", declarou Gerônimo.

Perda irreparável - A Secretaria da Cultura suspendeu toda a programação cultural do Pelourinho, nestes sábado e domingo. Uma faixa preta permanecerá hasteada no Largo do Terreiro de Jesus, durante três dias, simbolizando o luto.

"A dor é enorme. Foi uma perda irreparável. Não perdemos somente um músico excepcional, mas uma personalidade. Ele foi muito generoso com todos à sua volta. Não dá para acreditar. É um astro que vai continuar vivo aqui com a gente“, declarou, emocionado, João Jorge, presidente do Olodum.

Neguinho do Samba - Fundador da escola de percussão do Olodum e do bloco Didá, ele também foi o inventor do ritmo "samba-reggae", modificando tambores para conseguir afinações e sonoridades diferentes, criando um ritmo musical único, com a cara da Bahia.

Filho de um tocador de "bongô" e de uma lavadeira, Neguinho desde cedo treinava percussão tocando nas bacias de alumínio de sua mãe. Foi eletricista, ferreiro e camelô. Sua música chegou a ser internacionalmente reconhecida. Maestro do Olodum, tocou com David Byrne, Paul Simon e Michael Jackson. Com Simon, o Olodum gravou o CD The Rhythm of the Saints, em 1990. Feliz com o resultado do trabalho, Simon procurou o músico e lhe ofereceu um carro importado como forma de agradecimento. Neguinho agradeceu a oferta, mas preferiu mudar o presente, e, em vez de um carro, escolheu uma casa no Pelourinho, no mesmo valor, onde fundou sua escola.

Neguinho do Samba aparece no clipe de Michael Jackson They Don't Care About Us, vestido nas cores do pan-africanismo (verde, amarelo e vermelho) regendo os percussionistas do Olodum. Assista:



Didá -
O projeto nasceu pelas mãos de Neguinho, que via a necessidade de oferecer para as mulheres, principalmente as negras, um espaço para expor suas idéias e desenvolver atividades. Didá é uma associação cultural e sem fins lucrativos fundada em 1993 e que atua promovendo gratuitamente atividades educativas com base na arte e nas manifestações populares criadas e mantidas pelos africanos e por seus descendentes.

Atualmente, a instituição oferece 11 cursos - percussão, dança afro, teatro, capoeira, artesanato, canto, bateria, violão, cavaquinho, teclado e sopro, e chega a atender entre 600 a 800 crianças e adolescentes por ano.

Além dos cursos, o projeto se estende ao bloco afro carnavalesco, loja de artigos Didá e o projeto Sòdomo, centro de aprimoramento feminino Didá Banda Feminina.

| Veja também |

Vídeo do grupo Olodum e Neguinho do Samba em homenagem a Michael Jackson, após a morte do astro: