segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lançamento de livro: Letícia Vidor de Sousa Reis, O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil

REIS, Letícia Vidor de Sousa. O mundo de pernas para o ar: a capoeira no Brasil. 3.ed. Curitiba: CRV, 2010.


Este livro é uma versão modificada da minha dissertação de
mestrado em Antropologia Social, defendida em 1993, na
Universidade de São Paulo (USP). Em 1997, a editora Publisher
Brasil (São Paulo), com o apoio financeiro da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), publicou a primeira
edição. Em 2000, a mesma editora publicou a segunda edição.
Agora, acaba de sair a terceira edição pela editora CRV de
Curitiba. O site da editora é:

http://www.editoracrv.com.br/index_1.php

Os capítulos são os seguintes: 1) A capoeira: "doença moral" e
"gymnastica nacional"; 2) Angola e Regional: a capoeira como um
esporte negro; 3) A recriação da capoeira na metrópole
paulistana; 4) O mundo de pernas para o ar. O livro apresenta uma
visão histórica sobre a capoeira carioca, a baiana e a paulista
verificando, por meio da análise da gradual legitimação da
capoeira, como os negros conquistam e ampliam seu espaço político
e social no Brasil. Além disso, com base na teoria antropológica,
o livro explica que a capoeira é ambígua sendo que, seus
movimentos corporais, ao privilegiarem os pés e os quadris,
invertem a hierarquia corporal dominante. E, ao fazê-lo, colocam
o mundo literal e metaforicamente “de pernas para o ar”.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Luiza Bairros é a nova Ministra da SEPPIR

Presidente eleita Dilma Rousseff chamou a socióloga Luiza Bairros para assumir a Secretaria de Igualdade Racial. Ela aceitou o convite, mas ficou de costurar apoio de movimentos sociais ao seu nome para que seja confirmada no cargo.
Luiza Bairros é a nova Ministra da SEPPIR
Ministra Luiza Bairros
A presidente eleita, Dilma Rousseff, chamou a socióloga Luiza Bairros para assumir a Secretaria de Igualdade Racial. Ela aceitou o convite, mas ficou de costurar apoio de movimentos sociais ao seu nome para que seja confirmada no cargo.

Atual secretária de Igualdade Racial da Bahia, onde construiu sua militância, a gaúcha Luiza Bairros é considerada uma das principais lideranças no combate à discriminação racial.

O perfil da ministeriável, que é ligada ao PT, cumpre as exigências de Dilma para o posto: ser mulher e negra. A escolha de seu nome acabou derrubando uma outra indicação do PT para o cargo: o deputado Vicentinho (SP). 

Dilma a conheceu quando era ministra. Segundo fontes do governo de transição, ela se encantou com a desenvoltura da socióloga.
Bairros, que deverá assumir um lugar no primeiro escalão na cota pessoal de Dilma, recebeu, ainda, a bênção do governador Jaques Wagner (PT-BA), um de seus principais aliados e conselheiros.

Apesar da escolha, a presidente eleita tem um problema para fechar, como planejava, o time de quatro mulheres em diferentes secretarias.
O imprevisto foi provocado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Espírito Santo, que rejeitou anteontem a prestação de contas da deputada Iriny Lopes, cotada para a secretaria das Mulheres.

O tribunal apontou irregularidades nas notas fiscais de gastos com combustível feitos pela deputada, que diz ter havido falha do posto de gasolina. Dilma decidirá sobre seu nome nos próximos dias.

Ao lado da nomeação de Ideli Salvatti (PT-SC) para Pesca e de Maria do Rosário (PT-RS) para os Direitos Humanos, Iriny e Bairros fechariam a cota de mulheres.

Quem é Luiza Bairros?

Luiza Helena de Bairros nasceu a 27 de março de 1953 em Porto Alegre (RS). Filha do militar Carlos Silveira de Bairros e da dona de casa Celina Maria de Bairros. Sempre foi estimulada pelos pais quanto a sua formação. Não causou estranheza a seus familiares quando começou a envolver-se com as questões raciais, pois no período de colégio sempre fazia parte de grêmios e na universidade pertencia a diretórios acadêmicos, demonstrando um forte interesse pela militância estudantil. E foi na universidade, a partir de um amigo participante do diretório acadêmico, que teve seu primeiro contato com informações sobre os movimentos sociais americanos e ao conhecer o material dos Panteras Negras, ficou ainda mais entusiasmada com o caminho que estava traçando para sua luta política.
No início de 1979, participa da Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, ocorrida em Fortaleza. Foi impactada pela presença de inúmeros integrantes do Movimento Negro de várias regiões brasileiras, quando trava um contato mais próximo com o pessoal do Movimento Negro Unificado da Bahia e resolve muda-se para Salvador, no mês de agosto do mesmo ano.
Bacharel em Administração Pública e Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com conclusão em 1975; Especialista em Planejamento Regional pela Universidade Federal do Ceará concluindo em 1979; Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora em Sociologia pela Michigan State University no ano de 1997.
Com toda esta qualificação trabalhou entre 2001 a 2003 no programa das nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD na coordenação de ações interagenciais e de projetos no processo de preparação e acompanhamento da III Conferência Mundial Contra o Racismo – relação Agências Internacionais/Governo/Sociedade Civil. Entre 2003 a 2005 trabalhou no Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional – DFID, na pré-implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os Estados de Pernambuco e Bahia. Entre 2005 a 2007 foi consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, para questões de gênero e raça como coordenadora do programa de combate ao Racismo Institucional – PCRI na Prefeitura da Cidade do Recife, Prefeitura Municipal de Salvador e Ministério Público de Pernambuco.
Entre 1976 e início da década de 1990 esteve envolvida em pesquisas relevantes para o conhecimento e combate do racismo no Brasil e nas Américas, como por exemplo sua participação na coordenação da pesquisa do Projeto Raça e Democracia nas Américas: Brasil e Estados Unidos. Uma cooperação entre CRH e a National Conference of Black Political Scientists/NCOBPS.
Enquanto docente trabalhou na Universidade Católica de Salvador, Universidade Federal da Bahia/UFBA, dentre outras. Foi organizadora de alguns livros memoráveis e autora de vários artigos e dossiês. Coordenou diversos eventos na área do combate a discriminação racial.
Dona de uma trajetória respeitável, Luiza é reconhecida como uma das principais lideranças do movimento negro no País. Faz parte dos grupos de estudiosas/os e ativistas que contribuem e lutam para a superação do racismo e sexismo e esteve nas últimas décadas à frente de inúmeras iniciativas de afirmação da identidade negra na sociedade brasileira.
Pesquisadora na área de políticas públicas para população afro descendente, sempre trabalhou em prol da redefinição de novos caminhos para as mulheres negras, apresentando e sugerindo propostas em políticas voltadas para a igualdade racial e de gênero. Coroando esta trajetória no dia 8 de agosto de 2008 tomou posse como titular da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial da Bahia - Sepromi.
Fonte: http://www.mocambos.net/noticias/luiza-bairros-e-a-nova-ministra-da-seppir

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lançamento de CD

PEREGUN E OUTRAS FÀBULAS DA MINHA TERRA,



de Félix Ayoh' Omidire e família, com arranjos musicais e produção de J. Velloso e a participação dos alabés do Gantois. No evento, vai ter uma apresentação de algumas das músicas do CD. O livro que acompanha o CD, em português e iorubá, já lançado em 2006, estará disponível também.



Quando: 22 de dezembro (quarta-feira).

Horário: 17h30.

Onde: CEAO, Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho.

Mais informações: (71) 3283-5502

Convite para um momento histórico


Contamos com sua presença no ato de transferência para o Museu Afro-Brasileiro, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do acervo de peças religiosas antes sob a guarda do Museu Estácio de Lima.
 
 
Dia 21/12/10 às 17 horas
No Museu Afro-Brasileiro da UFBA
Prédio da Faculdade de Medicina
Terreiro de Jesus 
Salvador-BA, Brasil
 
 

domingo, 19 de dezembro de 2010

Resenha de Imagens do Sagrado (da nova edição da revista Proa)

Imagens sagradas – religiosidade e representação social.
TACCA, Fernando Cury de. Imagens do sagrado: entre Paris Match e O Cruzeiro. Campinas: São Paulo, Editora da Unicamp, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009, 200 páginas.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Exposição fotográfica homenageia Makota Valdina



A mostra apresenta 60 imagens de 11 fotógrafos baianos com diferentes olhares sobre a cultura negra, numa celebração aos 67 anos de Valdina   
O Teatro Vila Velha recebe no dia 15 de dezembro, às 19h, a exposição "A Cultura Negra e Suas Cidades - Uma Homenagem a Makota Valdina". A mostra fotográfica reúne um acervo com 60 imagens registradas em diversas locações como Salvador, Cuba e Paris, por diferentes fotógrafos e tem por finalidade celebrar a beleza da cultura negra e homenagear os 67 anos de Makota Valdina. As fotos estarão à venda durante a mostra. Na abertura, haverá coquetel e pocket show com o cantor e percussionista Peu Meurray. A entrada é gratuita.
Makota Valdina
SERVIÇO:
Exposição fotográfica "A Cultura Negra e Suas Cidades - Uma Homenagem a Makota Valdina"
Abertura: Coquetel e pocket show com Peu Meurray
Data: 15 de dezembro de 2010
Horário: 19h
Local: Foyer do Teatro Vila Velha [Av. Sete de Setembro, s/n - Passeio Público - Campo Grande – Tel.: 3336-1384]
Entrada franca
Informações à imprensa:
Fernanda Miranda e Lívia Rangel
Via Press Comunicação fernanda@viapress.com.br
(71) 3505-0000/04/15
www.viapress.com.br

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pesquisadora espanhola ministra curso sobre racismo científico na UFBA

03/12/2010 - 16h04
A Profa. Juanma Sánchez Arteaga, pesquisadora do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas (CSIC, Espanha), vai ministrar na UFBA uma série de palestras em torno do tema “Pensando o racismo científico. Aspectos históricos e filosóficos do debate sobre as “raças” na biologia humana”. Os encontros estão programados para os dias 13 a 17 de dezembro, das 14 às 18h, no Salão Nobre do Instituto de Biologia (dia 13) e na Sala 415 do Instituto de Física (demais dias). O curso, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA e UEFS, tem carga horária didática de 17h, equivalendo a um crédito. As inscrições são feitas através do e-mail ppefhc@gmail.com; o interessado deve enviar e-mail com o assunto “Inscrição Curso Juanma” e no corpo da mensagem informar nome completo.



Disponível  em 05/12/10

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eventos da semana no CEAO

Debate, palestra e mesa redonda acontecem nesta semana no CEAO. Participe!

|Eventos|

A Situação dos Negros no Mercado de Trabalho da Região Metropolitana de Salvador. O debate terá a participação de Ana Margaret Simões, coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do DIEESE; Luiz Chateaubriand, sociólogo e analista da PED; e mediação da Profa. Paula Barreto, coordenadora do CEAO. Auditório Milton Santos (3283-5502). Segunda-feira, às 18h30. Dia 29 de novembro.
Palestra Arte Afro-Brasileira com o Prof. Dr. Kabengele Munanga – O evento integra o 1° Seminário Afro-Brasileiro de Artes Visuais e faz parte das comemorações do mês da consciência negra realizado pelo Museu Afro-Brasileiro do CEAO e da Associação Afro-Brasileira dos Artistas Plásticos. Auditório Agostinho da Silva (3283-5541). Terça-feira, às 18h30. Dia 30 de novembro.
Alufá Rufino: Tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico Negro (c. 1822-c. 1853) – Mesa redonda discute as aventuras de um ex-escravo africano envolvido no tráfico negreiro. Mais do que uma biografia convencional, a trajetória de Rufino serve como guia para uma história social do tráfico e da escravidão no mundo atlântico em meados do século XIX. Com a participação dos professores João José Reis (UFBA), Flávio dos Santos Gomes (UFRJ) e Marcus J. M. de Carvalho (UFPE). Auditório Milton Santos (3283-5506). Sexta-feira, às 15h. Dia 3 de dezembro.

CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais

Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br
- Site: www.ceao.ufba.br
 
 

sábado, 27 de novembro de 2010

Lançamento de "O Alufá Rufino", de João Reis, Flávio Gomes e Marcus de Carvalho

Sexta-Feira, 3 de dezembro de 2010 das 18h às 21h
Livraria LDM, Piedade, Salvador-BA

CARLOS MOORE - "Bate-papo Afro" e Sessão de Autógrafos

A CASA DE ANGOLA NA BAHIA E A NANDYALA LIVRARIA & EDITORA CONVIDAM VOCÊ, ESTUDANTE, PESQUISADOR, EDUCADOR E MILITANTE, PARA UMA INTERAÇÃO COM O ETNÓLOGO E CIENTISTA POLÍTICO CUBANO PROF. DR. CARLOS MOORE.
TEMAS: ÁFRICA E PAN-AFRICANISMO/ MARXISMO E A QUESTÃO RACIAL/ MOVIMENTO DA NEGRITUDE/POLÍTICAS AFIRMATIVAS DE INCLUSÃO RACIAL
 
01/12/2010, QUARTA-FEIRA, 19h
Casa de Angola na Bahia
Interlocutores: Camilo Afonso (Direção Casa de Angola) e Lindinalva Barbosa (UFBA/CEAO)
Praça dos Veteranos, 5 - Baixa dos Sapateiros – Salvador, BA
Informações: (71) 3321-4495
 
02/12/2010, QUINTA-FEIRA, 20h
Nandyala Livraria & Editora
Interlocutores: Erisvaldo Santos (UFOP), Cledisson Santos Jr. (UNE/Combate ao Racismo) e Marcos Cardoso (MNU/FCRCN)
Av. do Contorno, 6.000 – Lojas 01 e 05 – Savassi – Belo Horizonte, MG
Informações: (31) 3281-5894
 
SESSÃO DE AUTÓGRAFOS:
- A África que incomoda, 2ª. Edição (Carlos Moore, 2010) 
- O Marxismo e a questão racial (Carlos Moore, 2010) 
- Aimé Césaire, o Discurso sobre a Negritude (Carlos Moore, 
Org., 2010)


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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mais uma tragédia

Menino de 10 anos, que participou de video promocional sobre capoeira, morto pela polícia dentro de sua casa no Nordeste de Amaralina
 
video da Bahiatursa:
 
Matéria do jornal A Tarde:
Nordeste de Amaralina: PM afasta nove policiais após morte de menino
Nove policiais militares, que participaram da ação que culminou na morte de Joel da Conceição Castro, 10 anos, na madrugada da segunda-feira, 22, no Nordeste de Amaralina, foram afastados das ruas. Os soldados, lotados na 40º CIPM, vão fazer atividades administrativas durante o andamento da investigação militar, comandada pelo major Joseval Pinto. De acordo o capitão Marcelo Pita, os policiais entregaram as pistolas ponto 40, utilizados no dia do crime, que serão periciadas.

A morte do menino provocou três protestos dos moradores do Nordeste de Amaralina nesta segunda. A última manifestação aconteceu na noite de segunda, quando cerca de 200 manifestantes fecharam o trânsito totalmente na Visconde de Itaborahy, próximo ao quartel de Amaralina, de acordo com a Transalvador. A via foi liberada por volta de 19h30, mas o trânsito continuou congestionado no sentido Rio Vermelho, na Avenida Manoel Dias e na região da Pituba, em consequência do protesto.
Dois protestos contra a morte do garoto marcaram a manhã em Salvador. Primeiro, os moradores fecharam o trânsito na rua Visconde de Itaborahy e, depois, seguiram para a frente da 28ª Delegacia, no Nordeste de Amaralina. O grupo pediu justiça e dizia que a polícia matou a criança. 
As investigações estão sendo feitas pela delegada titular da 28ª CP (Nordeste de Amaralina), Jussara Souza. Nesta manhã, foram ouvidas várias testemunhas do crime, inclusive o pai da vítima, o mestre de capoeira Joel Castro, 43, conhecido no bairro como mestre Ninha.
A dona de casa Mirian Moreno Conceição, 38, mãe da criança é evangélica e buscava forças nas orações para encarar a cruel realidade. “A polícia chegou xingando as pessoas, procurando traficantes. Meu filho arrumava a cama para dormir, quando recebeu os tiros no rosto. O pai dele pediu para ele descer até a PM passar, mas já era tarde”, conta a mãe, emocionada, mostrando os colchões ensanguentados dentro do pequeno quarto de 4m². 

De acordo com a delegada Jussara Souza, já foi realizada a perícia no local do crime e a polícia investiga as duas versões do fato. A primeira é dos PMs, de que houve troca de tiros com bandidos, e a segunda é dos pais da vítima e vizinhos que presenciaram o assassinato, de que o menino foi morto pelos policiais da viatura 9.1311. “A PM apresentou uma pistola calibre 380 na Derca e a perícia será feita aqui na 28ª. Vamos recolher as armas de todos os envolvidos nas diligências na viatura informada pelas testemunhas”, pontua a delegada.

Segundo moradores do local, que pediram para preservar a identidade, uma guarnição da 40ª CIPM (Companhia Independente da Polícia Militar) teria chegado à rua atirando para todos os lados. “Os quatro policiais dispararam diversos tiros. O pai estava com a criança baleada no colo, pedindo socorro, e os policiais mandaram ele voltar, senão morreria também”, relata um dos vizinhos.
“Joel era um ótimo menino, bom aluno de capoeira e estava sendo preparado para se apresentar na Europa, mas eles destruíram mais um sonho”, lamenta Sílvio Santana, 38, o mestre de capoeira Falcão.
Morte - Joel da Conceição Castro, 10 anos, foi alvejado no rosto durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes no Nordeste de Amaralina por volta da meia-noite desta segunda-feira, 22. O garoto chegou a ser levado para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu duas horas depois.
Segundo um agente do posto policial instalado no HGE, o corpo do garoto encontra-se no Instituto Médico Ilegal (IML) para perícia. A investigação busca descobrir se o tiro que atingiu a criança partiu dos policiais ou dos traficantes.
Em janeiro deste ano, o pequeno Joel participou juntamente com o pai de um vídeo institucional da Bahiatursa (Empresa de Turismo da Bahia). Ironia do destino, na peça publicitária, a criança revela a vontade de se tornar mestre de capoeira como o pai.

domingo, 21 de novembro de 2010

Não é sobre você que devemos falar


Monteiro Lobato: um homem com um projeto para além do seu tempo - Caçadas de Pedrinho, publicado em 1933, teve origem em A caçada da onça, de 1924. Portanto, poucas décadas após a abolição da escravatura, que aconteceu sem que houvesse qualquer ação que reabilitasse a figura do negro, que durante séculos havia sido rebaixada para se justificasse moralmente a escravidão, e sem um processo que incorporasse os novos libertos ao tecido da sociedade brasileira. Os ex-escravos continuaram relegados à condição de cidadãos de segunda classe e o preconceito era aceito com total normalidade. Eles representavam o cisco incômodo grudado à retina, o "corpo imperfeito" dentro de uma sociedade que, a todo custo, buscava maneiras de encobri-lo, desbotá-lo ou eliminá-lo, contando com a colaboração de médicos, políticos, religiosos e outros homens influentes daquela ápoca. Um desses homens foi o médico Renato Kehl, propagador no Brasil das idéias do sociólogo e psicólogo francês Gustave Le Bon, que defendia a "superioridade racial e correlacionava as raças humanas com as espécies animais, baseando-se em critérios anatômicos como a cor da pele e o formato do crânio", segundo o livro Raça Pura, - Uma história da eugenia no Brasil e no mundo, de Pietra Diwan para a Editora Contexto. Renato Kehl reuniu ao seu redor uma ampla rede de intelectuais, com quem trocava correspondência e ideias constantemente, todos adeptos, defensores e propagadores da eugenia, assim definida por ele em 1917: "É a ciência da boa geração. Ela não visa, como parecerá a muitos, unicamente proteger a humanidade do cogumelar de gentes feias".
Em 1918 foi fundada a Sociedade Eugênica de São Paulo - SESP, contando com cerca de 140 associados, entre médicos e membros de diversos setores da sociedade que estavam dispostos a "discutir a nacionalidade a partir de questões biológicas e sociais", tendo em sua diretoria figuras importantes como Arnaldo Vieira de Carvalho, Olegário de Moura, Renato Kehl, T. H. de Alvarenga, Xavier da Silveira, Arhur Neiva, Franco da Rocha e Rubião Meira. A sociedade, suas reuniões e ideias eram amplamente divulgadas e festejadas pela imprensa, e seus membros publicavam em jornais de grande circulação como Jornal do Commercio, Correio Paulistano e O Estado de São Paulo. Lobato, como um homem de seu tempo, não ficaria imune ao movimento, e em abril de 1918 escreve a Renato Kehl: "Confesso-me envergonhado por só agora travar conhecimento com um espírito tão brilhante quanto o seu, voltado para tão nobres ideais e servido, na expressão do pensamento, por um estilo verdadeiramente "eugênico", pela clareza, equilíbrio e rigor vernacular." Era o início de uma grande amizade e de uma correspondência ininterrupta até pelo menos 1946, dois anos antes da morte de Monteiro Lobato. Os eugenistas agiam em várias frentes, como a questão sanitária/higienista, que Lobato trata em Urupês, livro de contos onde nasce o famoso personagem Jeca Tatu, ou a racial, sobre a qual me aterei tomando como ponto de partida outro trecho de uma das cartas de Monteiro Lobato a Renato Kehl: "Renato, Tú és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. [...] Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade pecisa de uma coisa só: póda. É como a vinha. Lobato."
O livro mencionado é O Choque das raças ou o presidente negro, de 1926, que Lobato escreveu pensando em sua publicação nos Estados Unidos, para onde ele se mudou para ocupar o cargo de adido cultural no consulado brasileiro de Nova York. Em carta ao amigo Godofredo Rangel, Lobato comenta: "Um romance americano, isto é, editável nos Estados Unidos(...). Meio à Wells, com visão do futuro. O clou será o choque da raça negra com a branca, quando a primeira, cujo índice de proliferação é maior, alcançar a raça branca e batê-la nas urnas, elegendo um presidente negro! Acontecem coisas tremendas, mas vence por fim a inteligência do branco. Consegue por meio de raios N. inventados pelo professor Brown, esterilizar os negros sem que estes se dêem pela coisa". Resumindo bastante, as coisas tremendas são: em 2.228, três partidos concorrem às eleições presidenciais americanas. O partido dos homens brancos, que pretende reeleger o presidente Kerlog, o partido das mulheres, que concorre com a feminista Evelyn Astor, e o partido dos negros, representado por Jim Roy. Com a divisão dos brancos entre homens e mulheres, os negros se tornam maioria e Jim Roy é eleito. Não se conformando com a derrota, homens e mulheres brancos se unem e usam "a inteligência" para eliminar a raça negra, através de uma substância esterilizante colocada em um produto para alisamento de cabelos crespos.
A composição dos partidos políticos parece ter sido inspirada por um dos livros preferidos de Lobato, que sempre o recomendava aos amigos, o L’Homme et les Sociètes (1881) de Gustave Le Bon. Nesse livro, Le Bon diz que os seres humanos foram criados de maneira desigual, condena a miscigenação como fator de degradação racial e afirma que as mulheres, de qualquer raça, são inferiores até mesmo aos homens de raças inferiores. Lobato acreditava que tinha encontrado a fórmula para ficar milionário, como diz em 1926: "Minhas esperanças estão todas na América. Mas o 'Choque' só em fins de janeiro estará traduzido para o inglês, de modo que só lá pelo segundo semestre verei dólares. Mas os verei e à beça, já não resta a menor dúvida". Com o sucesso do livro, ele esperava também difundir no Brasil a ideia da segregação racial, nos moldes americanos, mas logo teve suas esperanças frustradas, como confidência ao amigo Godofredo Rangel: "Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tanto séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros." Deve ter sido uma grande decepção para Lobato e seus projetos grandiosos, visto que, em carta de 1930, também a Godofredo Rangel, ele admite fazer uso da literatura para se dizer o que não pode ser dito às claras: "é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, 'work' muito mais eficientemente".
Achei importante contextualizar esse livro porque acredito que todos que estão me lendo são adultos, alfabetizados, com um certo nível cultural e, portanto, público alvo desse romance adulto de Monteiro Lobato. Sendo assim, peço que me respondam com sinceridade: quantos de vocês teriam sido capazes de, sem qualquer auxílio, sem qualquer contextualização, realmente entender o que há por trás de O Choque das raças ou o presidente negro? Digo isso porque me lembro que, na época das eleições americanas, estávamos quase todos (sim, eu também, antes de ler o livro) louvando a genialidade do visionário e moderno Monteiro Lobato em prever que os Estados Unidos, um dia, elegeriam um presidente negro, que tinha concorrido primeiro com uma mulher branca e depois com um homem branco. Mas há também o que está por detrás das palavras, das intenções, e achei importante contextualizá-las, mesmo sendo nós adultos, educados, socialmente privilegiados.
O lugar do outro - Peço agora que você faça um exercício: imagine uma criança na sala de aula das escolas públicas de ensino médio e fundamental no Brasil. Negra. Sei que não deve ser fácil colocar-se sob a pele de uma criança negra, por isso penso em alternativas. Tente se colocar sob a pele de uma criança judia numa sala de aula na Alemanha dos anos 30 e ouça, por exemplo, comentários preconceituosos em relação aos judeus: "............ ...........", "............ .............. ...... .. ....". Ou então, ponha-se no lugar de uma criança com necessidades especiais e ouça comentários alusivos ao seu "defeito": "............. ............", "................. ..............". Talvez agora você já consiga sentir na pele o que significa ser essa criança negra e perceber a carga histórica dessas palavras sendo arrastada desde séculos passados: "macaca de carvão", "carne preta" ou "urubu fedorento", tudo lá, em Caçadas de Pedrinho, onde "negra" também é vocativo. Sim, sei que "não se fala mais assim", que "os tempos eram outros". Mas sim, também sei que as palavras andam cheias de significados, impregnadas das maldades que já cometeram, como lâminas que conservam o corte por estarem sempre ali, arrancando casca sobre casca de uma ferida que nunca acaba de cicatrizar. Fique um pouco de tempo lá, no lugar dessa criança, e tente entender como ela se sente. Herdeira dessa ferida da qual ela vai ter que aprender a tomar conta e passar adiante, como antes tinham feito seus pais, avós, bisavós e tataravós, de quem ela também herdou os lábios grossos, o cabelo crespo, o nariz achatado, a pele escura. Dói há séculos essa ferida:
"Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença, o estigma de um crime." Luiz Gama
Volte agora para o seu lugar e se ouça falando coisas do tipo: "Eu li Monteiro Lobato na infância e não me tornei racista", ou "Eu nunca me identifiquei com o que a Emília disse", ou "Eu não acho que chamar alguém de macaco seja racista", ou "Eu acho que não tem nada de ofensivo", ou "Eu me recuso a ver Lobato como racista", ou "Eu acho um absurdo que façam isso com um autor cuja leitura me deu tanto prazer". Se você não é parte do problema, nem como negro nem como racista, por que se colocar no centro da discussão? Você também já não é mais criança, e talvez seja a hora de entender que nem todas as verdades giram em torno do seu ponto de vista. Quando criança, talvez você tenha crescido ouvindo ou lendo expressões assim, sempre achando que não ofendiam, que eram de brincadeira e, portanto, agora, ache que não há importância alguma que continuem sendo ditas em livros dados na escola. Talvez você pense que nunca tenham te afetado. Mas acredito que, se você continuar não conseguindo se colocar sob a pele de uma criança negra e pelo menos resvalar a dor e a solidão que é enfrentar, todos os dias, o peso dos significados, ouso arriscar que você pode estar enganado. Elas podem ter tirado de você a sensibilidade para se solidarizar com esse grave problema alheio: o racismo. Sim, porque tenho a sensação de que racismo sempre foi tratado como problema alheio - é o outro quem sofre e é o outro quem dissemina -, mesmo sua erradicação sendo discutida no mundo inteiro como direitos humanos. Direitos de todos nós. Humanos. Direito de sermos tratados com dignidade e respeito. E é sobre isso que devemos falar. Não sobre você.
Esse é um assunto sério, para ser discutido por profissionais que estejam familiarizados com racismo, educação infantil e capacitação de professores, e que inclusive podem contar com o respaldo do Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído em 1990 pela Lei 8.069. Destaco dois artigos do Capítulo II - Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade:
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Combate ao racismo no Brasil
‘Só porque eu sou preta elas falam que não tomo banho. Ficam me xingando de preta cor de carvão. Ela me xingou de preta fedida. Eu contei à professora e ela não fez nada''
[Por que não querem brincar com ela]‘‘Porque sou preta. A gente estava brincando de mamãe. A Catarina branca falou: eu não vou ser tia dela (da própria criança que está narrando). A Camila, que é branca, não tem nojo de mim''. A pesquisadora pergunta: ‘‘E as outras crianças têm nojo de você?'' Responde a garota: ‘‘Têm''.
Depoimento de crianças de 6 anos no livro "Do Silêncio do Lar ao Silêncio Escolar: racismo, discriminação e preconceito na educação infantil", de Eliane Cavalleiro - Editora Contexto
Colocando-se no centro da discussão, como se a "censura" não existente ao livro de Lobato as ofendesse pessoalmente, e como se fosse só isso que importasse nessa discussão, tenho visto várias pessoas fazendo os comentários mais absurdos, inclusive interpretando e manipulando outros textos ficcionais de Lobato para provar que ele não era racista, ou que era apenas um homem do seu tempo. Algo muito importante que não devemos nos esquecer é que nós também somos homens e mulheres do nosso tempo, e que a todo momento estamos decidindo o que a História escreverá sobre nós. Tenho visto também levarem a discussão para o cenário político, no rastro de um processo eleitoral que fez aflorar medos e sentimentos antes restritos ao lugar da vergonha, dizendo que a "censura" à obra de Lobato é mais um ato de um governo autoritário que quer estabelecer a doutrina de pensamento no Brasil, eliminando o livre-pensar e interferindo na sagrada relação de leitores com seus livros. Dizem ainda que, continuando assim, daqui a pouco estaremos proibindo a leitura de Os Sertões, Macunaíma, Grande Sertão: Veredas, O Cortiço, Odisséia, Dom Casmurro etc, esquecendo-se de que, para fins de comparação, esses livros também teriam que ser distribuídos para o mesmo público, nas mesmas condições. Às vezes parece-me mais uma estratégia para, mais uma vez, mudar de assunto, tirar o foco do racismo e embolar o meio de campo com outros tabus mais democráticos como o estupro, o incesto, a traição, a violência, a xenofobia, a homofobia ou o aborto. Tabus que, afinal de contas, podem dizer respeitos a todos nós, sejamos brancos ou negros. Sim, há que se lutar em várias frentes, mas hoje peço que todos apaguem um pouco os holofotes que jogaram sobre si mesmos e suas liberdades cerceadas, concentrem-se nas palavra "racismo" e "criança", mesmo que possa parecer inaceitável vê-las assim, uma tão pertinho da outra, dêem uma olhada no árduo e necessário processo que nos permite questionar, nos dias de hoje e dentro da lei, se Caçadas de Pedrinho é mesmo um livro indicado para discutir racismo nas salas de aula brasileiras.
Os motivos do parecer - De acordo com a Coordenação Geral de Material Didático do MEC, a avaliação das obras que compõem o Programa Nacional Biblioteca da Escola são feitas por especialistas de acordo com os seguintes critérios: "(...) a qualidade textual, a adequação temática, a ausência de preconceitos, estereótipos ou doutrinações, a qualidade gráfica e o potencial de leitura considerando o público-alvo". A simples aplicação dos critérios já seria suficiente para que o livro Caçadas de Pedrinho deixasse de fazer parte da lista do MEC. No parecer apresentado ao Conselho Nacional da Educação pela Secretaria da Educação do Distrito Federal, a professora Nilma Lino Gomes, da UFMG, salienta que o livro faz “menção revestida de estereotipia ao negro e ao universo africano, que se repete em vários trechos”. Destaco alguns: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou na árvore que nem uma macaca de carvão”, ou (ao falar de um possível ataque por parte de onças) "Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne preta", ou "E aves, desde o negro urubu fedorento até essa joia de asas que se chama beija-flor". Muita gente diz que contextualizar a presença no texto de trechos e expressões como essas seria menosprezar a inteligência de nossas crianças, que entenderiam imediatamente que não se faz mais isso, que a nossa sociedade se transformou e que atitudes assim são condenáveis. Aos que pensam assim, seria importante também levar em conta que "macaco", "carvão", "urubu" e "fedorento" ainda são xingamentos bastante usados contra os negros, inclusive em "inocentes brincadeiras" infantis durante os recreios nas nossas escolas por esse Brasil afora. E não apenas nas escolas, pois também são ouvidos nas ruas, nos ambientes de trabalho, nos estádios de futebol, nas delegacias de polícia e até mesmo nos olhares dos que pensam assim mas que, por medo da lei, não ousam dizer. Apesar disso, em reconhecimento ao importante caráter literário da obra de Monteiro Lobato, optou-se por sugerir que a obra fosse contextualizada e somente adotada por educadores que tenham compreensão dos processos geradores do racismo brasileiro. Como se fosse um problema fácil de compreender.
Pensando aqui com meus botões, sou capaz de me lembrar de inúmeras obras infanto-juvenis que valorizam o negro e tratam racismo com a seriedade e o respeito que o assunto merece, e que foram editadas principalmente depois da Lei 10.639/03, que inclui nos ensinos fundamental e médio a História e a herança africanas. Posso estar errada, mas me parece que Caçadas de Pedrinho entrou para o Programa Nacional Biblioteca da Escola antes disso; sendo o contrário, pela lei, nem deveria ter entrado. Há maneiras muito mais saudáveis, responsáveis e produtivas de se levar o tema para dentro da escola sem ter que expor as crianças ao fogo para lhes mostrar que queima; e sem brigada de incêndio por perto. Isso é maldade, ou desconhecimento de causa.
A causa - a luta pela igualdade de oportunidades no Brasil - Vou relembrar apenas fatos dos períodos mais recentes, que talvez tenham sido vividos e esquecidos, ou simplesmente ignorados, pela maioria das pessoas que hoje brada contra o "politicamente correto" da esquerda brasileira. Um breve histórico das últimas três décadas e meia:
1984 - o governo do General João Batista de Oliveira Figueiredo decreta a Serra da Barriga, onde tinha existido o Quilombo dos Palmares, como Patrimônio Histórico Brasileiro, num ato que reconhece, pela primeira vez, a resistência e a luta do negro contra a escravidão.
1988 - Durante as comemorações pelo Centenário da Abolição, o governo de José Sarney cria a Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, que terá como meta apoiar e desenvolver iniciativas que auxiliem a ascensão social da população negra. Ainda nesse ano é promulgada a nova Constituição que, no seu artigo 5º, XLII, reconhece o racismo como crime inafiançável e imprescritível, ao mesmo tempo em que abre caminho para se estabelecer a legalidade das ações afirmativas, ao legislar sobre direitos sociais, reconhecendo os problemas de restrições em relação aos portadores de deficiências e de discriminação racial, étnica e de gênero.
1995 - durante o governo de FHC adota-se a primeira política de cotas, estabelecendo que as mulheres devem ocupar 30% das vagas para as candidaturas de todos os partidos. Nesse mesmo ano, em novembro, acontece em Brasília a Marcha Zumbi contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, quando foi entregue ao governo o Programa de Superação do Racismo e da Desigualdade Racial, com as seguintes sugestões: incorporar o quesito cor em diversos sistemas de informação; estabelecer incentivos fiscais às empresas que adotarem programas de promoção da igualdade racial; instalar, no âmbito do Ministério do Trabalho, a Câmara Permanente de Promoção da Igualdade, que deverá se ocupar de diagnósticos e proposição de políticas de promoção da igualdade no trabalho; regulamentar o artigo da Constituição Federal que prevê a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; implementar a Convenção Sobre Eliminação da Discriminação Racial no Ensino; conceder bolsas remuneradas para adolescentes negros de baixa renda, para o acesso e conclusão do primeiro e segundo graus; desenvolver ações afirmativas para o acesso dos negros aos cursos profissionalizantes, à universidade e às áreas de tecnologia de ponta; assegurar a representação proporcional dos grupos étnicos raciais nas campanhas de comunicação do governo e de entidades que com ele mantenham relações econômicas e políticas. Como resposta, em 20 de novembro de 1995, Fernando Henrique Cardoso cria, por decreto, o Grupo de Trabalho Interministerial - GTI - composto por oito membros da sociedade civil pertencentes ao Movimento Negro, oito membros de Ministérios governamentais e dois de Secretarias, encarregados de propor ações de combate à discriminação racial, promover políticas governamentais antidiscriminatórias e de consolidação da cidadania da população negra e apoiar iniciativas públicas e privadas com a mesma finalidade.
Como base para o GTI foram utilizados vários tratados internacionais, como a Convenção n.111, da Organização Internacional do Trabalho - OIT, assinada pelo então presidente Costa e Silva naquela fatídico ano de 1968, no qual o país se comprometia, sem ter cumprido, a formular e implementar políticas nacionais de promoção da igualdade de oportunidades e de tratamento no mercado de trabalho. Somente após pressão e protestos da sociedade civil e da Central Única dos Trabalhadores, é então criado o Grupo de Trabalho para Eliminação da Discriminação no Emprego e na Ocupação - GTEDEO, composto por representantes do Poder Executivo e de entidades patronais e sindicais, também no ano de 1995.
1996 - A recém criada Secretaria de Direitos Humanos lança, em 13 de maio, o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNHD, que tinha entre seus objetivos "desenvolver ações afirmativas para o acesso dos negros aos cursos profissionalizantes, à universidade e às áreas de tecnologia de ponta", "formular políticas compensatórias que promovam social e economicamente a comunidade negra" e "apoiar as ações da iniciativa privada que realizem discriminação positiva".
2002 - no final do governo de Fernando Henrique Cardoso foi lançado o II Plano Nacional de Direitos Humanos, que reconhece os males e os efeitos ainda vigentes causados pela escravidão, então tratada como crime contra a humanidade.
2003 - o governo de Luiz Inácio Lula da Silva promulga o decreto que reconhece a competência do Comitê Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial - CERD, para analisar denúncias de violação de direitos humanos, como previsto no art. 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 7 de março de 1966. Também em 2003 é criada a Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial - SEPIR e, subordinada a ela, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial - CNPIR, visando apoio não apenas à população negra, mas também a outros segmentos étnicos da população brasileira, combatendo o racismo, o preconceito e a discriminação racial, e tendo como meta reduzir as desigualdades econômica, financeira, social, política e cultural, envolvendo e coordenando o trabalho conjunto de vários Ministérios. Nesse mesmo ano também é alterada a Lei 9.394, de 1996, que estabelece as diretrizes da educação nacional, para, através da Lei 10.639/03, incluir no currículo dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, segundo seu artigo 26-A, I, "estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil."
2010 - entra em validade o Estatuto da Igualdade Racial que, entre outras coisas, define o que é discriminação racial ("distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em etnia, descendência ou origem nacional"), desigualdade racial ("situações injustificadas de diferenciação de acesso e oportunidades em virtude de etnia, descendência ou origem nacional"), e regula ações referentes às áreas educacional, de propriedade rural, comunidades quilombolas, trabalhista, cultural, religiosa, violência policial etc.

A "caçada" a Caçadas de Pedrinho - Acima estão apenas alguns dos "melhores momentos" da luta contra o racismo e a desigualdade. Há vários outros que deixo de fora por não estarem diretamente ligados ao caso. Eu quis apenas mostrar que o parecer do MEC não é baseado em mero capricho de um cidadão que se sentiu ofendido pelas passagens racistas de Caçadas de Pedrinho, mas conta com o respaldo legal, moral e sensível de ativistas e educadores que há anos estão lutando para estabelecer políticas que combatam o racismo e promovam a formação não apenas de alunos, mas de cidadãos.
Em junho de 2010, o Sr. Antônio Gomes da Costa Neto (Técnico em Gestão Educacional da Secretaria do Estado da Educação do Distrito Federal, mestrando da UnB em Educação e Políticas Públicas: Gênero, Raça/Etnia e Juventude, na linha de pesquisa em Educação das Relações Raciais) encaminhou à SEPPIR denúncia de conteúdo racista no livro Caçadas de Pedrinho. A SEPPIR, por sua vez, achando a denúncia procedente, protocolou-a no Conselho Nacional de Educação. Foi providenciado um parecer técnico, por pedido da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), realizado pela técnica Maria Auxiliadora Lopes, que é subcoordenadora de Educação Quilombola do MEC, e aprovado pelo Diretor de Educação para a Diversidade, Sr. Armênio Bello Schimdt. O parecer técnico diz assim:
"A obra CAÇADAS DE PEDRINHO só deve ser utilizada no contexto da educação escolar quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil. Isso não quer dizer que o fascínio de ouvir e contar histórias devam ser esquecidos; deve, na verdade, ser estimulado, mas há que se pensar em histórias que valorizem os diversos segmentos populacionais que formam a sociedade brasileira, dentre eles, o negro."
Em outro momento:
"Diante do exposto, conclui-se que as discussões pedagógicas e políticas e as indagações apresentadas pelo requerente ao analisar o livro Caçadas de Pedrinho estão de acordo com o contexto atual do Estado brasileiro, o qual assume a política pública antirracista como uma política de Estado, baseada na Constituição Federal de 1988, que prevê no seu artigo 5º, inciso XLII, que a prática do racismo é crime inafiançável e imprescritível. É nesse contexto que se encontram as instituições escolares públicas e privadas, as quais, de acordo com a Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), são orientadas legalmente, tanto no artigo 26 quanto no artigo 26A (alterado pelas Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008), a implementarem nos currículos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio o estudo das contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente as matrizes indígena, africana e européia, assim como a obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena."
Não há censura, boicote ou banimento. O parecer técnico fala sobre orientação, contextualização, preparo do educador para trabalhar a obra na sala de aula. Ouvi pessoas bradando contra uma possível nota acrescentada ao livro, dizendo que isso em si já seria uma mordaça ou um desrespeito à obra de Lobato. Será que isso valeria também para a nota existente no livro, alertando as crianças que já não é mais politicamente correto atirar em onças? É assim:
"Caçadas de Pedrinho teve origem no livro A caçada da onça, escrito em 1924 por Monteiro Lobato. Mais tarde resolveu ampliar a história que chegou às livrarias em 1933 com o novo nome. Essa grande aventura da turma do Sitio do Picapau Amarelo acontece em um tempo em que os animais silvestres ainda não estavam protegidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), nem a onça era uma espécie ameaçada de extinção, como nos dias de hoje." (p. 19).
Não que eu tenha nada contra as coitadas das onças, espécie ameaçada de extinção, mas será que as crianças não mereceriam também um pouco mais de consideração? O próprio Lobato, depois de ser acusado de ofender os camponeses com sua caracterização de Jeca Tatu como o responsável por sua própria miséria, reconhece o erro e pede desculpas públicas através do jornal O Estado de São Paulo, escrevendo também o mea-culpa que passaria a integrar a quarta edição de Urupês, em 1818:

"Eu ignorava que eras assim, meu caro Tatu, por motivo de doenças tremendas. Está provado que tens no sangue e nas tripas um jardim zoológico da pior espécie. É essa bicharada cruel que te faz feio, molenga, inerte. Tens culpa disso? Claro que não".

Ou seja, o próprio Lobato, nesse caso, levou em consideração o que é dito em uma de suas frases mais citadas por quem quer demonstrar a importância dos livros na formação de uma sociedade: "Um país se faz de homens e livros". Não devemos nos esquecer que, tanto na frase como no ato citado acima, ele coloca o homem em primeiro lugar.

Outras contextualizações - Não é a primeira vez que uma obra considerada clássica sofre críticas ou até mesmo revisões por causa de seu conteúdo racista. Aconteceu, por exemplo, com o álbum "Tintim no Congo", do belga Hergé. Publicadas a partir de 1930, as tirinhas reunidas nesse álbum contam as histórias de Tintim em um Congo ocupado pela Bélgica. Por parte de Hergé, a obra foi revisada duas vezes, a primeira em 1946 e a segunda em 1970, reduzindo o comportamento paternalista dos belgas e suavizando algumas características mais caricaturadas dos personagens negros. Para justificá-las, Hergé declarou que as tiras tinham sido escritas "sob forte influência da época colonial", chamando-as de seu "pecado da juventude". O álbum revisado é publicado hoje no Brasil pela Companhia das Letras, a mesma editora de Caçadas de Pedrinho, e traz a seguinte nota de contextualização:

"Neste retrato do Congo Belga, hoje República Democrática do Congo, o jovem Hermé reproduz as atitudes colonialistas da época. Ele próprio admitiu que pintou o o povo africano de acordo com os estereótipos burgueses e paternalistas daquele tempo - uma interpretação que muitos leitores de hoje podem achar ofensiva. O mesmo se pode dizer do tratamento que dá à caçada de animais.”

Tintim na França - matéria reproduzida da France Presse e publicada na Folha de São Paulo, em 24/09/2007, conta que o O Movimento Contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos (MRAP), uma das mais importantes organizações francesas contra o racismo, solicitou à editora Casterman que incluísse em suas edições de Tintim um alerta sobre o conteúdo e contra os preconceitos raciais. Outras organizações, como o Conselho Representante das Associações Negras (CRAN) já tinham se manifestado contra o álbum anteriormente, chegando a solicitar, inclusive, que a editora parasse de publicá-lo. Segundo Patrick Lozès, presidente da CRAN, "os estereótipos sobre os negros são particularmente numerosos" e "os negros são mostrados como imbecis e até mesmo os cachorros e os animais falam francês melhor".
Tintim na Inglaterra - em julho de 2007, depois de pronunciamento da Comissão Britânica pela Igualdade das Raças (BCRE), acusando o álbum de racista, uma das grandes redes de livrarias Britânicas resolveu passá-lo da prateleira de livros infantis para a prateleira de livros para adultos, reconhecendo que os congoleses são tratados como "indígenas selvagens parecidos com macacos e que falam como imbecis". Alguns anos antes, a editora britânica de Tintim no Congo, a Egmont, tinha se recusado a editar o álbum, voltando atrás por pressão de leitores, mas publicando-o com uma tarja de advertência sobre seu conteúdo ofensivo.
Tintim na Bélgica - um congolês, estudante da Universidade Livre de Bruxelas, entrou na justiça belga com queixa-denúncia e solicitação para que o álbum fosse retirado de circulação.
Tintim nos Estados Unidos - o álbum Tintim no Congo foi retirado das prateleiras da Biblioteca do Brooklyn, em Nova York, ficando disponível apenas para consulta solicitada.

Adaptações e a integridade de um clássico - Creio que alguns dos que hoje exaltam a genialidade do escritor Monteiro Lobato podem não tê-lo lido de fato, conhecendo seu universo através das diversas adaptações de suas obras para a televisão. Esses, com certeza, conhecem uma versão completamente filtrada do conteúdo dos livros; e seria interessante ficarem atentos os que reclamam de censura e de ditadura do politicamente correto. Segundo matéria do Estado de São Paulo em 01/11/2010, uma parceria entre a produtora Mixer e a Rede Globo levará ao ar em outubro de 2011 uma temporada em animação de 26 episódios baseada no Sítio do Picapau Amarelo. Em entrevista ao jornal, o diretor executivo da Mixer contou que "resquícios escravocratas em referência a Tia Nastácia serão eliminados da versão". Outra mudança, segundo ele, é em relação ao pó de pirlimpimpim: "No original, eles aspiravam o pó e 'viajavam'. Na versão dos anos 80, eles jogavam o pó uns sobre os outros. Ainda não decidimos como será agora".
Ou seja, desde que foi para a televisão, a obra de Monteiro Lobato tem sido adaptada, suavizada, contaminada pelo "politicamente correto". Talvez seja essa a "lembrança" de boa parte dos que dizem não ver racismo na obra de Lobato. Não seria o caso de brigar para que as referências racistas sejam mantidas, porque assim os pais também podem discutir racismo com os filhos que assistem TV Globinho? Ou que o pó de pirlimpimpim volte a ser cheirado para que as crianças, em contato com uma possível incitação ao consumo de drogas e sem nenhuma orientação, descubram por si só que aquilo é errado? Ou é ilegal, como também o é a adoção no Programa Nacional Biblioteca da Escola de obras que não obedeçam ao critério de ausência de preconceitos e estereótipos ou doutrinações.
Mesmo assim, o MEC pede apenas um preparo do educador, uma nota explicativa, uma contextualização. E as pessoas, principalmente as brancas, dizem que não pode, que é um absurdo, um desrespeito com o autor. Desrespeito maior é não se colocar no lugar das crianças negras matriculadas no ensino público médio e fundamental, é não entender que uma nota explicativa que seja, uma palavrinha condenando o que nela causa tanta dor, pode não fazer diferença nenhuma na vida de adultos, brancos, classe média ou alta e crianças matriculadas em escolas particulares; mas fará uma diferença enorme nas vidas de quem nem é levado em conta quando se decide sobre o que pode ou não pode ferir seus sentimentos. Desrespeito é não reconhecer que o racismo nos divide em dois Brasis; um que se fosse habitado só por brancos (ricos e pobres), ocuparia o 30º lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), e cairia para 104º lugar se fosse habitado só por negros (ricos e pobres). Ainda pretendo escrever um texto sobre manifestações de racismo na escola e sua influência nos primeiros anos de vida e de educação de brancos e negros. Mas, por enquanto, para quem chegou até aqui e continua achando que não há nada demais em expressões como "macaca de carvão", "urubu fedorento", "beiço", "carne preta", seja nos dias de hoje ou nos dias de escravidão, deixo apenas uma frase que poderia ter sido dita por outro personagem negro de Monteiro Lobato: "O vício do cachimbo deixa a boca torta".
Ana Maria Gonçalves, negra, escritora, autora de Um defeito de cor
20 de novembro de 2010 - Dia da Consciência Negra


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Mesa redonda discute a participação dos políticos negros nas eleições 2010

O CEAO e a APNB convidam para a mesa redonda:

"O intelectual no processo eleitoral baiano 2010: balanço da participação dos políticos negros e estratégias eleitorais".

Debatedores: Dra. Antônia dos Santos Garcia (NEIM-UFBA), Dra. Célia Sacramento (UEFS) e  Dr. Nilo Rosa (UEFS).

Coordenador: Dr. Cloves Oliveira (UEFS/ A Cor da Bahia – UFBA).


Data: 25 de  novembro de 2010.
Horário: 18h30
Local: CEAO - Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho
Mais informações: (71) 3283-5502


Defesa de dissertação no CEAO


Nesta quarta-feira (24), às 11h, haverá a defesa de dissertação de Maiara Alves Oliveira no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia.
 
Maiara Alves Oliveira defende a dissertação "Ações Afirmativas no Ensino Superior Privado: As percepções dos coordenadores do ProUni sobre o programa em instituições privadas de Salvador”.  A orientadora é a Profa. Dra. Paula Cristina da Silva Barreto.
 
Serviço:
 
Dissertação: "Ações Afirmativas no Ensino Superior Privado: As percepções dos coordenadores do ProUni sobre o programa em instituições privadas de Salvador”
Quando: 24/11, às 11h.
Onde: CEAO, Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho.
 
Banca Examinadora:
 
Profa. Dra. Paula Cristina da Silva Barreto (Orientadora/UFBA)
Prof. Dr. Jocélio Teles dos Santos (PosAfro/UFBA)
Prof. Dr. Cloves Luiz Pereira Oliveira (UEFS)

Os paineis da igreja De Nossa Senhora do Rosário dos Pretos estão sendo restaurados

Código: 2010.413299

Data: 19/11/2010 08:06:00

Duraçao: 00:02:40

Emissora: REDE GLOBO

Programa: BOM DIA BRASIL

Apresentaçao: OUTROS

Categoria: INFORMATIVO

Impacto: NEUTRO

Sinópse: Uma arte única, a azulejaria Portuguesa. Os paineis da igreja De Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, estão sendo restaurados com técnica do século XVII.

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

2º Edital Pet Conexões - Comunidades Populares

 EDITAL PARA SELEÇÃO DE BOLSISTAS

A Pró-Reitoria de Extensão encaminha para a comunidade acadêmica, por solicitação do Instituto de Letras, o Edital PET/Conexões de Saberes, para seleção de bolsista.


A Diretoria do Instituto de Letras da UFBA, obedecendo às orientações e critérios do
Edital Nº 9 - PET 2010 – MEC/SESu/SECAD, informa aos estudantes desta
unidade e das demais unidades da Universidade Federal da Bahia que, a partir da
ampla divulgação deste edital, estará aberto o processo de seleção para bolsistas do
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL – Comunidades Populares
(Interdisciplinar). A seleção realizar-se-á para o preenchimento de 12 vagas para
graduandos oriundos de comunidades populares, sendo a incorporação dos
estudantes selecionados a partir da divulgação do resultado desse processo, em
obediência às instruções do MEC/SESU/SECAD. Segue abaixo o calendário do
processo seletivo, identificação dos procedimentos de seleção, requisitos e
bibliografia.
1 INSCRIÇÕES: 12/11 a 17/11/2010
Documentos necessários:
1.1 Ficha de inscrição (disponível na pasta de seleção do PET/Conexões na
copiadora do ILUFBA);
1.2 Comprovante e/ou declaração de matrícula;
1.3 Histórico escolar atualizado;
1.4 Comprovante de situação socioeconômica (renda familiar);
1.5 Comprovante de residência;
1.6 Comprovante de que estudou em escola pública ou é cotista;
Os interessados deverão dirigir-se ao Departamento de Letras Vernáculas, das 8:00
às 18:00, durante o período discriminado acima, para entregar os documentos.
2 PROCEDIMENTOS DE SELEÇÃO:
2.1 Inscrição e entrega dos documentos: 12/11 a 17/11/2010 (das 9:00 às 18:00);
2.2 Primeira etapa (eliminatória): realização de prova escrita, dia 18/11/2010, das 9h
às 12h;
2.3 Segunda etapa: realização de entrevista: dia 19/11/2010, a partir das 9h;
2.4 Resultado final: 20/11/2010.
3 REQUISITOS DE SELEÇÃO
3.1- Ser exclusivamente estudante de graduação da Universidade Federal da Bahia,
cursando preferencialmente até o 4º semestre, oriundo de comunidades populares,
conforme determinações do EDITAL Nº 9, Programa de Educação Tutorial, PET
2010 – MEC/SESu/SECAD.
3.4 Apresentar disponibilidade de, no mínimo, 20 horas semanais para o Programa;
3.5 Não estar vinculado a nenhum outro programa de bolsas ou contrato de trabalho.
4 DA PROVA ESCRITA
A prova escrita pressupõe o conhecimento da proposta de trabalho do projeto
PET/Conexões Comunidades Populares (Interdisciplinar), submetido ao edital PET
nº 09/2010. O texto está disponível na pasta de seleção do PET/Conexões
Comunidades Populares na copiadora do Instituto de Letras da UFBA e nos três
colegiados de Letras.
5 DISPOSIÇÕES GERAIS
5.1 Não serão aceitas inscrições com documentação incompleta;
5.2 Os locais de realização das provas, bem como os resultados de cada etapa da
seleção, serão divulgados no Mural do Departamento de Letras Vernáculas;
5.3 A banca de seleção será formada pelo atual Tutor do Programa, por um
professor do quadro permanente do Instituto de Letras e por um docente de outra
unidade da UFBA ou de outras Universidades;
5.4 Após a divulgação dos resultados de cada etapa, o candidato que não foi
aprovado terá até 24h para buscar recursos, através de manifestação por escrito,
endereçada à Banca de Seleção;
5.4 Todos os casos não contemplados no presente Edital serão resolvidos pela
Banca de seleção.
5.5 As dúvidas sobre processo de inscrição/seleção podem ser dirimidas através do
___________________________________________
Prof.ª Doutora Antonia Herrera
Diretora do ILUFBA

Palestra: Corpo, Imagem dos Terreiros - 18/11 no CEAO

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Resposta a "Lei Contra o Candomblé é Aprovada em Piracicaba"

Precisamos deixar de comer carne de todo o tipo. Nem mesmo marinha - os peixinhos são arrancados do mar aos montes, vivos para morrerem congelados. Até hoje os abatedouros e matadouros não criaram nenhuma forma menos cruel de abate dos animais, que compramos aos pedacinhos nos supermercados, senão cacetadas nos bovinos, abate em massa das aves em máquinas em que são atiradas vivas. Isto sim é sacrifício de animais. Se todo sacrifício se resumisse a um único corte sem violência no pescoço de meia duzia de aves para serem consumidas num repasto comunitário, a humanidade estaria livre deste tal sacrifício há muito. Afinal, nas religiões afro expiação de animais e pessoas é algo proibido. Não realizamos sacrifício de animais, fazemos ofertamento daquilo que temos de melhor e de maneira limpa e respeitosa. Sacrifício é parir!
É interessante que, com certeza, estes ilustres senhores cristãos, que rememoram todos os dias o sacrificio humano de um homem, bebem do seu sangue e comem da sua carne sadicamente para se livrarem de seus pecados e suas consciências pesadas pelo desserviço que prestam a sociedade ,já devem ter se divertido - em viagens pela Espanha, pela América espanhola ou pela tv a cabo (que pagam com nosso dinheiro) - assistindo a touradas, onde o animal é sacrificado pela pirraça e espada para deleite de uma plateia ensandecida. Com certeza também já caçaram por aí, para passar o tempo e se exibir depois.
Pior ainda, quantas crianças, idosos, mulheres e outros sem condições para obterem benefícios são sacrificados diariamente porque recursos estão sendo gastos com PLs como este?
Façam o favor de trabalhar, de conhecer a CF e respeitar aquilo que preza pela vida e identidade de um povo - se antes negro e desfavorecido hoje pobre e humilhado, que muitas vezes só terá como refeição o prato de comida de uma festa de candomblé!

Tenho dito

Adinelson Filho
Ilê Axé Opô Oxogun Ladê omô n'Ilê Axé Opô Afonjá

terça-feira, 16 de novembro de 2010

CEAO - eventos do mês da Consciência Negra nesta semana

Palestra, debate, conferência e exibição de documentário são alguns do eventos do Mês da Consciência Negra, nesta semana, no CEAO. Participe!

Eventos da semana:

Estudos Africanos na Jamaica e Panafricanismo e Empoderamento Sócioerótico de Mulheres Afrodescendentes.
A palestra será ministrada pela Profa. Annecka Marshal, PhD. Auditório Milton Santos (3283-5502). Quarta-feira, às 19h. Dia 17 de novembro.
 Corpo-Imagem dos Terreiros: Experiência Ritual e Produção de Presença – O debate faz parte do projeto contemplado pelo Programa Pensamento e Cultura com participação de Marco Aurélio Luz, Ilê Asipá e professor da UFBA; dos fotógrafos Adenor Gondim, Aristides Alves, Bauer Sá; Marcelo Bernardo da Cunha, coordenador do Museu Afro, professor do CEAO/UFBA. Auditório Milton Santos (3283-5502). Quinta-feira, às 18h30. Dia 18 de novembro.
"Identidades Nacionales y Transnacionales. Acción y Negociación por el Reconocimiento en los Garifuna” e "Los hijos del destierro - Memorias del pueblo Garifuna de Am&e acute;rica Central” – Tema da conferência do Prof. Carlos Agudelo do Centro de Estudos Mexicanos e Centroamericanos (CEMCA) e investigador AFRODESC-EURESCL e título do documentário do Melesio Portilla Viveros. Auditório Milton Santos (3283-5509). Sexta-feira, às 17h30. Dia 19 de no vembro.
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