sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Celebração afro cala tambores, mas ecoa reivindicações dos negros pernambucanos

Juliana Cézar Nunes
Enviada Especial da Rádio Nacional

Recife - A meia noite da segunda-feira de carnaval é marcada pelo silêncio e a escuridão. Os tambores das 23 nações de maracatu de baque virado calam para fazer reverência aos antepassados do povo afropernambucano. Apagam-se as luzes no pátio da Igreja do Terço.

O espaço é simbólico. Foi usado para a comercialização, castigo e até mesmo sepultamento dos africanos que chegavam escravizados a Pernambuco. Hoje, reis, rainhas damas e batuqueiros recriam a corte real em um dos momentos mais especiais do carnaval de Recife: a Noite dos Tambores Silenciosos.

Nem a chuva torrencial que alagou as ruas do Bairro São José afastou foliões, religiosos, líderes sociais e políticos. No Pátio do Terço, em meio a construções coloniais e abandonadas, eles renovaram o compromisso com a luta do povo negro, que ainda enfrenta o preconceito e a segregação.

Cerca de 20 mil pessoas se uniram à meia-noite para ouvir o babalorixá Raminho de Oxóssi reger o coro de mães-de-santo que rezam com ele aos antepassados, evocando ancestrais das nações nagô. Robson Oliveira acompanha a reza do babalorixá há 10 anos. Ele faz parte do Maracatu Axé da Lua e representou este ano as baianas no bloco de sua nação.

"Os maracatus de baque virado se reúnem e fazem uma louvação evocando a alma desses ancestrais para que eles tenham o descanso eterno e nos abençoe para o restante do ano. Todo o ano eu venho, não perco por nada nesse mundo. Tenho uma sensação de dever cumprido por esta reverenciando os antepassados. Isso também é uma forma de demonstrar respeito, além de participar da cultura."

O pátio onde é realizada a Noite dos Tambores Silenciosos, durante o carnaval, recebe o nome de Pólo Afro Luiz de França, em homenagem a um babalorixá de Olinda que liderou até 1997 a Nação Maracatu Leão Coroado, criada há 146 anos. França lutava contra o racismo em Pernambuco.

Para Vera Barone, da Sociedade de Mulheres Negras Uiala Mukaji, essa luta ainda faz muito sentido. Na noite dos tambores, ela rezou, mas também denunciou casos de intolerância em Recife.

"A gente aqui em Recife e Olinda vive muitos casos de intolerância. Seja cultural, seja racial e seja religiosa. Então agora mesmo eu estou sabendo que em uma Igreja Católica do bairro da Mangueira, aqui em Recife, tem uma missa chamada missa dos anjos e o padre de uma certa maneira impede que as pessoas vestidas de branco participem porque ele entende que aquela missa é só para cristão e não para quem é do candomblé", denuncia Vera.

"Nós entendemos que todos os templos religiosos devem estar abertos para quem tem fé, para quem não tem. Vai ser mais uma ação que nós vamos precisar fazer nesses próximos dias para fazer valer a liberdade de crença e culto."

O prefeito de Recife, João da Costa, afirma que o governo local tem atuado no sentido de garantir a promoção da igualdade racial. Uma diretoria para tratar do assunto funciona na Secretaria de Assistência Social.

Políticas de combate ao racismo institucional na saúde, por exemplo, têm sido elogiadas pelo movimento social negro, que também reivindica a criação de uma secretaria específica de políticas de promoção da igualdade racial. O prefeito afirma que essa estrutura pode ser discutida.

"A nossa preocupação é formular políticas e que essas políticas sejam transversais e que elas tenham eficiência e produzam resultados na melhoria de qualidade de vida do povo. A estrutura para isso funcionar é sempre uma possibilidade que pode ser discutida."

As nações de maracatu atuam não apenas no carnaval. Elas são ponto de referência para as comunidades. Promovem cultos religiosos e oferecem cursos de música para jovens e crianças. Os integrantes das nações são considerados exemplos a serem seguidos. Que o dia rei da nação de maracatu mais antiga, a Maracatu Elefante, o artista popular Sandro José Feitosa. Ele lidera uma nação de 209 anos.

"Ser o rei da nação é seguir a tradição. Essa noite dos tambores representa uma celebração muito importante contando a história dos negros, dos africanos, que não tinham direito a uma igreja, nem para tomar banho, dormir e descansar em paz. Por isso ficou marcada essa data. Para mim é uma honra estar aqui."

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (V ENECULT)



de 27 a 29 de maio de 2009, em Salvador - Bahia - Brasil.

Inscrições de trabalhos
de 16 de fevereiro até 16 de março de 2009




O Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura – CULT
www.cult.ufba.br
e o Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade
www.poscultura.ufba.br
ambos da Universidade Federal da Bahia
www.ufba.br
estarão realizando o

V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (V ENECULT)

de 27 a 29 de maio de 2009, em Salvador - Bahia - Brasil.

As inscrições de trabalhos para serem apresentados no V ENECULT estarão abertas de 16 de fevereiro até 16 de março de 2009.


O objetivo do ENECULT é reunir estudiosos da cultura, brasileiros e estrangeiros, provenientes das mais diferentes áreas de conhecimento, para um debate aprofundado sobre a cultura na contemporaneidade. O ENECULT compreende: palestras, mesas-redondas, apresentação de trabalhos científicos, lançamento de livros e atividades artístico-culturais.

O ENECULT é um dos maiores encontros de estudos em cultura que acontecem hoje no Brasil. Ele reúne, além de convidados estrangeiros e brasileiros, pesquisadores de todo o Brasil e de outros países que estudam temas da cultura a partir das mais diferentes áreas de conhecimento.

Programa Preliminar do V ENECULT

27 de maio de 2009

09h – Abertura
10h – Mesa-redonda I: Estudos da Cultura
14h30 às 16h30 - Apresentação de trabalhos I
17h às 19h - Apresentação de trabalhos II

28 de maio de 2009

09h - Palestra I: Cultura, Comunicação, Contemporaneidade
10h - Mesa-redonda II: Cultura, Mídia e Etnicidade
14h30 às 16h30 - Apresentação de trabalhos III
17h às 19h - Apresentação de trabalhos IV
20h – Confraternização e Lançamento de Livros

29 de maio de 2009

09h - Palestra II: Cultura e Futebol
10h – Mesa-redonda III: Cultura, Gênero e Sexualidade
14h30 às 16h30 - Apresentação de trabalhos V
17h – Mesa-redonda IV: Políticas de Cultura e Políticas de Comunicação

Maiores informações pelo site: www.cult.ufba.br

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

SEMINARIO NACIONAL de AFRICANIDADES E AFRODESCENDÊNCIA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICAS.

Prezados,

De 23 a 27 de março estamos organizando o SEMINARIO NACIONAL de AFRICANIDADES E AFRODESCENDÊNCIA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ETNICAS.

Local: Fortaleza - Ceará - Universidade Federal do Ceará.

Temos uma programação super afinada com o que há mais interessante nas areas do conhecimento.

Vamos ter tambem um festival de teses de mestrado e doutoramentos. Cada dia tem um defesa de tese com temas da lei 10.639/2003.

Certificado de 40 horas de formação dado pelo UFC.

Precisamos de ajuda na divulgação. Não temos grana por isto os folders, página a net etc, ficaram para as próximas semanas.

Bom repassem esta mensagem para o povo do movimento negro por favor.

Obrigado,

Henrique Cunha Junior

UNILAB – Pensando a Universidade Inovadora

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Gantois homenageia Mãe Menininha

Cleidiana Ramos

Arquivo A TARDE
Projeto Viva Mãe Menininha tem mais uma edição
Projeto Viva Mãe Menininha tem mais uma edição

O Projeto Viva Mãe Menininha tem mais uma edição nos próximos sábado e domingo. A festa marca os 115 anos de nascimento de uma das mais famosas yalorixás da Bahia, que comandou o Gantois até 1986.

No sábado tem um seminário no terreiro, a partir das 8 horas, com a participação de Mãe Carmen, a atual yalorixá do Gantois, Jaime Sodré, Ordep Serra, Antonio Godi, Clarindo Silva e representantes do afoxé Filhos de Gandhy. Eles vão falar da importância de Mãe Menininha, que era madrinha do Filhos de Gandhy, para a preservação do culto afro brasileiro.

À tarde acontece uma oficina de confecção de contas para orixás ministrada por Nádia Cajazeira. É pedido traje em cor clara.

No domingo acontece a Lavagem do Gantois. O cortejo sai às 11 horas da Igreja de São Lázaro em direção ao terreiro sob o embalo dos Filhos de Gandhy.O show de encerramento fica por conta de Gerônimo, Robson do Samba Fama, Tote Gira e banda Eu Quero é Samba.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Darwin, o Abolicionista


(...) embora muitos dos seus contemporâneos aprovassem da escravidão, o Darwin pensava o contrário. Vindo de uma família de abolicionistas convictos, ficou revoltado com as cenas que presenciou nos países escravocratas: “Perto do Rio de Janeiro, vivia em frente (da casa) de uma velha senhora que tinha um instrumento para esmagar os dedos das suas escravas. E fiquei numa casa onde um jovem mulato era insultado, espancado e perseguido todos os dias e todas as horas. Era o suficiente para quebrar o espírito até do animal mais baixo(....) Faz o sangue ferver, mas o coração tremer quando penso que nós, ingleses, e nossos descendentes norte-americanos, com seu grito orgulhoso de liberdade, fomos e ainda somos tão culpados.”
--Olivia Judson, NY Times

Leia mais:
Hoje Darwin Faria 200 Anos e Lincoln Também
Darwin no Brasil: Encanto com a natureza e choque com a escravidão
A longa viagem de Darwin

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

CURSO ANUAL MANUEL QUERINO – PERSONALIDADES NEGRAS

PROGRAMAÇÃO PROVISÓRIA


Local: AUDITÓRIO DA ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA

Horário: das 14h às 19h

SEGUNDA-FEIRA DIA 23 DE MARÇO DE 2009


Palestra : Manuel Querino: Vida e Obra – Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal (UNEB)

Palestra: Manuel Querino e a luta contra o “Racismo Científico” – Profa. Msc. Sabrina Gledhill (IGHB)


Palestra: Raça, identidade nacional e interpretação do Brasil na visão de Manuel Querino.– Prof. Msc. Carlos Antonio Reis (UNESP)


TERÇA-FEIRA DIA 24 DE MARÇO DE 2009


Palestra: Manuel Querino como Vasari: a história da arte como biografia dos artistas – Prof. Dr. Luiz Alberto Freire (UFBA)

QUARTA-FEIRA DIA 25 DE MARÇO DE 2009

Palestra: Cosme de Farias, anjo da guarda dos excluídos da Bahia – Profa. Msc. Mônica Celestino dos Santos. (FSBA)

Palestra: Jorge de Lima e o idioma poético afro-nordestino – Prof. Dr. Jorge Araújo (UEFS)

Palestra: Aspectos da obra do escritor Lima Barreto – Profa. Dra. Florentina da Silva Souza (UFBA)

Palestra: A Sociologia das Organizações de Alberto Guerreiro Ramos – Prof. Dr. João Eurico Matta (ALB)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Disciplina obrigatória no ensino fundamental e médio já tem livro específico

Fundação Palmares - www.palmares. gov.br

(27/01/2009 - 10:39)


Chegou ao mercado o primeiro livro que contempla integralmente a Lei 11.645, em vigor desde março de 2008, que obriga a inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena como disciplina no currículo oficial das redes pública e particular de ensino. Trata-se de dois livros em um só volume: Sociedade em Construção - História e Cultura Afro-Brasileira - O negro na formação da Sociedade Brasileira e Sociedade em Construção - História e Cultura Indígena Brasileira - O índio na formação da Sociedade Brasileira, ambos de autoria do jornalista e sociólogo J. A. Tiradentes, em parceria com a mestre em Educação pela USP, Denise Rampazzo da Silva. A nova disciplina deverá ser ministrada em especial nas áreas de Educação Artística, Literatura e História, no ensino fundamental e médio, como foi estabelecido. "Nós escrevemos com a lei à nossa frente e sob consulta o tempo todo", disse Tiradentes. Segundo ele, os livros atendem a uma reivindicação do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil. "Gil dizia que só a Fundação Palmares havia se preocupado em produzir conteúdos sobre o tema, tanto que o nosso livro tem o aval de Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura", afirmou.

De acordo com a editora Direção Cultural, que comprou os direitos dos autores e é a responsável pela impressão e distribuição, a proposta de confeccionar dois livros em um único volume leva em consideração a redução do preço final, de armazenamento e de transporte, cuja economia permite vender dois livros pelo preço de um. Para Tiradentes, esse formato beneficia o planeta duplamente: primeiro, porque economiza milhares de árvores para a impressão de dois livros num só exemplar, já que reduz a quantidade de papel na capa. Em segundo lugar, porque o livro é impresso com papel reciclado.

Dividida em 14 capítulos a edição segue rigorosamente o que estabelece a lei, quanto ao conteúdo programático. Eles tratam dos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira a partir dos dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil. Também resgata a contribuição das etnias nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

A capacitação dos professores é feita por meio de recurso digital. Ou seja, através do método EAD - Ensino a Distância, tendo em vista a parceria firmada entre o editor e o Instituto de Tecnologia, Pesquisa, Gestão e Educação Virtual do Brasil (ITGVBR), que tem como associadas algumas das mais tradicionais instituições de ensino a distância do Brasil. Consulte o site www.livroafrobrasil eiro.com. br para outras informações.

Conteúdo

A parte afro-brasileira do volume tem 114 páginas e a indígena 71 páginas. A primeira é composta de oito capítulos e aborda temas como: O Continente Africano; A história da África e dos africanos; O contato entre o europeu e o africano e a chegada do negro ao Brasil; Escravidão no Brasil: formas e tipos diversos; A luta dos negros no Brasil, uma história de resistências; Abolicionismo, a luta pela liberdade; A cultura negra e a sua influência no Brasil e O negro na formação da sociedade nacional. Vinte dos principais grandes personagens afro-descendentes brasileiros são destacados nesta parte. Já o livro sobre os povos indígenas brasileiros está dividido em seis capítulos: A presença do homem no continente americano; O contato entre os europeus e os indígenas; Escambo e escravidão nos primeiros anos de colonização; Os índios do Brasil; A cultura indígena e a sua influência na formação da sociedade nacional e As contribuições dos povos indígenas ao Brasil e ao mundo.

Nilton Luz
Ousar Ser Diferente / JEDP / EDP / PT
Núcleo Setorial GLBT do PT/BA
Tel.: 9169-9159