sábado, 22 de novembro de 2008

Para líder religiosa, estudo pode ajudar a preservar cultura afro- brasileira


Agência Brasil - Mariana Jungmann

Brasília - Quando Beatriz Moreira Costa, a ialorixá Mãe Beata, de 78
anos, procurou a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RJ) para propor um estudo sobre religiões de matriz africana, o
principal objetivo era ajudar as comunidades de terreiros a resolver
problemas estruturais – de saneamento básico, saúde e educação, por
exemplo – e a preservar a cultura negra nesses espaços. "Essa nação
nos deve muito, por toda a segregação, por todo o martírio que o meu
povo passou", afirma.

Segundo ela, essas religiões são "cultura que se passa oralmente" e
precisam ser preservadas. "Eu quero mostrar que dentro das casas de
candomblé, umbanda, catimbó etc. existe cultura, existe saber, que as
pessoas que estão lá precisam ser respeitadas, precisam de saúde",
ressalta. "Nosso papel não é ficar trancado em casa esperando",
acrescenta.

Ao citar o problema da falta de respeito, Mãe Beata se refere a um
tipo de perseguição que as comunidades de terreiro dizem sofrer por
parte de religiosos e de seguidores de outras crenças, que, na
opinião dela, "não entendem os ensinamentos milenares das religiões
de matriz africana".

"Eu não gosto da palavra intolerância. É falta de respeito mesmo.
Ninguém é obrigado a nos tolerar. É obrigado, sim, a nos respeitar",
afirma Mãe Beata, que nasceu numa encruzilhada, no município de
Cacheiras do Paraguaçu – no Recôncavo Baiano – e é semi-analfabeta.
Ela conta que propôs à PUC a elaboração do estudo para que a questão
religiosa fosse superada em função da preservação cultural.

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