quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Atabaqueblog: O diferencial Obama

O diferencial Obama é a sua atitude pós-racialista sem deixar de ser negro.


Obama lida com sua identidade racial como um maestro; ele tem como seu grande trunfo ser filho de um casal bi-racial em que sua mãe uma mulher branca de classe média liberal casou-se com um estudante africano do Quênia e posteriormente com um indonésio criando um legado de respeito e admiração às diferenças.

A imagem “http://seattletimes.nwsource.com/ABPub/2008/04/07/2004333750.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

Obama tem em sua identidade bi-racial uma vantagem, ainda que isto ameaçe os sonhos segregacionistas de grupos brancos e negros, ele não deixa de atrair estes grupos numa insólita convergência.

Ambos crêem que a vitória de Obama vá revigorar o orgulho racial que se encontra ameaçado e que MacCein não conseguiria criar este mesmo efeito.

Porém, o que Obama melhor representa na sociedade americana atual é a possibilidade de unir ou talvez refundar a América rompendo com seu paradigma segregacionista.

O apoio a Obama veio se consolidando por ele ser um não-ressentido com o passado escravista norte-americano por ele não descender de escravos, sobre ele não pesa para o imaginário branco norte-americano qualquer culpa histórica.

Obama representa assim o desejo de uma significativa parcela da população branca norte-americana de esquecer ou superar o passado escravista, ele é visto como uma oportunidade para isso.

Com Obama eleito o significado de ser afro-americano vai colocar o debate racial em uma nova dimensão e com um outro signifcado.

Há entre a população norte-americana um aumento do número de mestiços que estão optando por se declararem multiraciais ou biraciais em vez de se considerarem brancos ou negros como foi verificado no censo de 2000 onde 6 milhões se declararam desta forma.

Com isso, o princípio de pureza racial e sua justificativa segregacionista - one drop rule - de que uma gota de sangue negro determina uma identidade racial em termos antagônicos o que vem sendo enfraquecido com as novas gerações.

Contudo, Obama optou por uma identidde negra em vez de ficar indeciso entre duas identidades, mas ao mesmo tempo ele expandiu o significado da sua identidade ao rejeitar uma única base racial e sua noção estreita e reducionistas de uma autenticidade que fosse excludente.


Obama se tornou um incentivo para as pessoas se verem e aceitarem sua mistura racial como positiva; como ele próprio faz ao escolher sua identidade negra sem excluir sua descendencia branca.

E que significados seriam esses de uma identidade negra reconstruída numa perspectiva pós-racial?

Isto certamente vai implicar em que as novas identidades sejam construídas cada vez mais pautadas por valores éticos e simbólicos destituídos de hipocrisias puristas e supremacistas geradoras dos antagonismos opressores sem deixarem de estar referidas em suas diferenças as suas tradições ontológicas.

http://atabaqueblog.blogspot.com/2008/11/o-diferencial-obama.html

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