Este blog é uma homenagem à vida, a obra e as causas do artista, abolicionista, jornalista, líder operário, político, educador, professor de desenho industrial e pesquisador, fundador da historiografia da arte baiana, defensor dos terreiros de Candomblé, inspiração de Pedro Archanjo (protagonista de Tenda dos Milagres) e o primeiro intelectual afro-brasileiro a destacar a contribuição do africano à civilização brasileira. Fornece um crescente acervo de textos de e relacionados a Querino
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Continuando a refletir sobre o "autodidatismo"
Um dos muitos resultados do Seminário Manuel Querino, realizado no IGHB entre 25 e 29 de agosto, foi o debate sobre o conceito do "autodidatismo". Já vimos que o termo "autodidata" é utilizada de maneira paternalista e preconceituosa quando um negro do Oitocentos entra em qualquer debate "intelectual". Mas tem outro lado também. Como Isadora Browne Ribeiro colocou, às vezes, pensar sem "mestres" é salutar. Ainda mais no século XIX, quando a maioria esmagadora dos "cientistas" acreditava que as doenças fossem causadas por "miasmas" (o livro A Morte é uma Festa de João Reis contem dados preciosos sobre estas teorias e as "experiências" realizadas para comprová-las), que a capacidade do intelecto pudesse ser medida pelo tamanho do crânio e que existissem "raças" humanas, tão diferentes como cavalos e burros ou patos e cisnes. Livre das correntes "intelectuais" e cientificistas do seu tempo, o "auto-didata" do Oitocentos estava apto a pensar como o cientista moderno - olhando ao seu redor com objetividade e tirando conclusões racionais e válidas.
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