“Vi Mãe Aninha duas vezes. Era negra, alta, imponente e altiva. Conversava puxando os erres e falava francês. Imagine o susto de intelectuais que frequentavam o terreiro e a ouviam falar nessa língua”, conta Mãe Stella.
Numa época em que a religião dos descendentes de escravos era marginalizada, Mãe Aninha dava exemplo de habilidade política ao dominar a língua das ciências e da alta sociedade. Era filha de africanos da etnia grunce (Aniió e Azmbriió), um dos muitos povos escravizados no Brasil. Recebeu o nome de Eugênia Anna dos Santos.
Mãe Aninha se tornou sacerdotisa de candomblé pelas mãos de Marcelina Obatossi (Maria Júlia Figueredo), que era prima e filha-de-santo de Iá Nassô, a fundadora da Casa Branca que é considerado o mais antigo terreiro de tradição ketu do Brasil.
Estas e outras informações sobre Mãe Aninha estão no livro Cartas de Édison Carneiro a Artur Ramos, de autoria do antropólogo Vivaldo da Costa Lima, um dos mais renomados pesquisadores brasileiros. Ele escreveu o livro em parceria com o historiador Waldir Freitas Oliveira.
Desentendimentos na Casa Branca a levaram a sair de lá e buscar outro caminho. Antes de fixar o terreiro em São Gonçalo do Retiro migrou por localidades como o Camarão, no Rio Vermelho, Santa Cruz e Amaralina.
Em todo este processo, Mãe Aninha foi acompanhada por sacerdotes renomados nos meios afrorreligiosos baianos, como Tio Joaquim, Bamboxé Obitikô e Martiniano Eliseu do Bonfim.
Confira a agenda comemorativa
13/07 - Sessão especial de celebração do centenário do Ilê Axé Opô Afonjá na Câmara Municipal de Salvador, a partir das 18 horas, no Plenário Cosme de Farias;
30/07 - Evento comemorativo no barracão de festas do Afonjá. Às 19 horas, saudação à Casa pelos alabês do terreiro, seguida da abertura do evento, performance do dançarino e coreógrafo Clyde Morgan, lançamento de selo comemorativo pelos Correios e apresentação do afoxé Filhos de Gandhy;
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