Ildásio Tavares
Como boa parte dos fenômenos humanos, o ano novo é uma convenção que varia de civilização a civilização. Nosso calendário
Como boa parte dos fenômenos humanos, o ano novo é uma convenção que varia de civilização a civilização. Nosso calendário
Gregoriano sofreu uma correção severa. De repente descobriu-se que os anos, contados a partir do nascimento de Cristo estavam embolados.
Foi feita uma rigorosa escansão e voltamos a nos situar perante o nascimento do Filho de Deus. Nós, inclusive estendemos o período em um antes e um depois, os famosos A.C. e A.D.. O tal de A.C, só servia pra me atrapalhar quando eu estudava História porque ele é contado de trás pra frente aumentando quando diminuía. Eu também ficava invocado porque, se existia Antes de Cristo, A.C. porque não Depois de Cristo, D.C. Insistiam em Annus Domini , ano do Senhor.
Tudo convenção. Os árabes contam os anos a partir da Hegira, quando Maomé foi de Meca para Medina para escapulir de uma perseguição. Os judeus desde o tempo de Moisés, e já estão perto dos 6.000 anos. Os chineses, eu nem sei. E o tempo se perde nos confins do Egito e suas pirâmides de dezenas de século, como falou Napoleão.
Se formos pensar nas eras que já passaram por nosso planeta, vamos começar a ficar zonzos. E as estrelas? A mais próxima de nós, Alfa da constelação do Centauro está a 4 ½ anos luz, a bagatela de 9 trilhões de quilômetros. Estamos sós no universo.
Perante essas coisas, reflito sobre o maior dos convencionalismos que é estabelecer uma data pra ficar feliz e the day after para incrementar esta felicidade. De 31 pra 1° a galera se enche de planos, projetos, resoluções, faz simpatias, dá presente pra Yemanjá, vai a missa, ora, reza, roga, procura seu psicanalista, seu confessor, seu pai de santo, pendura uma conta lavada no pescoço, toma banho de folha e sem folha,faz o diabo, sem a consciência de que existe uma causa e efeito palpáveis no comportamento humano a partir de seus próprios atos. Quem planta abacate não colhe caju, Dentro de, no máximo uma semana de catarse anonovística o cabra já está pisando nas mesmas bolas em que sempre pisou.
De ilusão também se vive. É claro que movimentações coletivas de energia positiva só podem desprender esta energia e ser benéfica pra todos. Mas cada um a vai receber a seu modo, com sua sensibilidade, com sua maior ou menor predisposição para corrigir seus erros. Há uma evidente interação de processos subjetivos e objetivos com benefícios, creio,imediatos no momento em que atuam. Mas o encaminhar-se de um novo ano depende muito mais do caminhante do que as promessas de renovação astrológica, tarôlógia ou dos búzios possam prever, O futuro a Deus pertence. E há todo tipo de ópio.
Em 2010 vou curtir 70 anos. Deus do Céu! Quando eu pensava em ter 70 anos, via-me alquebrado, quiçá meio gagá,.caindo pelas tabelas. E ainda jogo capoeira. Escrevo todo dia. Jamais acreditei seria um escritor de muitos livros publicados, como até sonhei, menino de 8 anos em Feira de Santana, advindo das brenhas do cacau e fascinado por Monteiro Lobato. Jamais pensei ter 46 canções gravadas. E tanta coisa. Pode vir 2010. Do alto do poeta, 70 anos vos contemplam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário