O deputado federal fluminense, Jair Bolsonaro (PP), voltou a freqüentar a mídia nesta semana após proferir, na segunda-feira, uma série de insultos racistas contra a artista Preta Gil, filha do compositor e cantor Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura no Governo Lula.
Preta Gil perguntou num programa de TV ao deputado qual seria sua reação se um filho seu se casasse com uma pessoa negra. Ele respondeu que “Eu eduquei meu filho. Não corro esse risco.”
A cantora diz que vai processar o deputado; a OBA/RJ já encaminhou à Câmara Federal um pedido de investigação contra Bolsonaro.
Deputados protocolaram, na noite da terça-feira (clique aqui) com apoio do MNDH, representação para que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) seja investigado pela Corregedoria da Câmara por quebra de decoro parlamentar , por causa de comentários supostamente racistas feitos por ele durante o programa CQC , da TV Bandeirantes, exibido na segunda.
Bolsonaro alegou não ter tido a intenção de fazer nenhuma declaração racista.
A representação, assinada por 20 deputados, pede ainda que Bolsonaro seja destituído da Comissão de Direitos Humanos e Minorias pelo seu partido, o PP. “Não cabe uma pessoa que não defenda esses direitos atuar em uma comissão voltada para esse fim”, disse a presidente do colegiado, deputada Manuela D’ávila (PCdoB-RS).
“Bolsonaro é conhecidíssimo por suas posições contra os direitos humanos, diz o coordenador nacional do MNDH, Gilson Cardoso. Ele é um notório homofóbico; é contra a comissão da verdade, é defensor da redução da idade penal; prega a pena de morte, e se diz contra o ECA e a lei Maria da Penha.”
Gilson Cardoso diz ainda que “o parlamentar se esconde atrás do mecanismo da imunidade parlamentar, esquecendo, no entanto, que o parlamentar tem imunidade sim, mas em casos de emissão de opinião. O caso de Bolsonaro não é o de ter direito de emitir as suas posições e opiniões. O caso dele é de preconceito e de intolerância racial, étnica, de gênero etc.”
Em 2008, o parlamentar ofendeu a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, então deputado federal, a quem ameaçou agredir. A discussão com a atual ministra teve origem nos debates sobre a redução da idade penal. Irritado com os questionamentos de Maria do Rosário, Bolsonaro a empurrou, ameaçou-a com uma tapa e a ofendeu moralmente – a agressão foi registrada pela Rede TV.
“Que as pessoas – sejam elas políticos ou não – emitam suas opiniões, preferências, não se pode ser contra. Estamos numa democracia. O que não se pode permitir são ofensas à dignidade da pessoa humana, e Bolsonaro é um especialista em matéria de ofensas, e de incitação à violência. Todo mundo se lembra dele dizendo que espancaria um filho caso esse fosse homossexual”, afirma o coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
Além dos vários segmentos da sociedade que se voltaram contra Bolsonaro após os incidentes racistas da última segunda-feira, cresce na internet a campanha para a abertura de um processo contra o parlamentar.
Bolsonaro já reagiu às críticas proferindo mais insultos racistas e de gênero, e dizendo que “está se lixando para o movimento gay”
“É importante que a sociedade se mobilize para que possamos enfrentar gente como o parlamentar do Rio, diz Gilson Cardoso. É verdade, também, e infelizmente, que um sem-número de pessoas tem mostrado apoio a ele e às suas ideais preconceituosas. Mas isso faz parte do jogo democrático e nós, que somos defensores dos direitos humanos, temos de enfrentar. De outro lado, já li e ouvi inúmeras manifestações contra o Bolsonaro vindas de personalidades, especialmente de artistas afro-descentes. Espero que eles não esmoreçam e que mantenham a pressão sobre a Câmara Federal até o fim, para que mais essa estupidez não se perpetue. E vou mais longe, diz Gilson Cardoso, gostaria de ver nossos atletas, em sua grande maioria negros e negras, se envolvendo com uma campanha de enfrentamento ao racismo e ao preconceito neste país”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário