terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Jogando luz sobre a vida de Querino

Soube pela Academia.edu que minha tese, Travessias racialistas no Atlântico Negro: reflexões sobre Booker T. Washington e Manuel R. Querino, foi citada num artigo que também citou uma dissertação de mestrado sobre a biografia de Querino. Segundo esse trabalho, Querino seria "provavelmente filho de escravos"! Entretanto, de acordo com seu registro de batismo, teria sido filho do carpinteiro José Joaquim dos Santos Querino e Luzia da Rocha Pita - ambos negros livres, conforme Jorge Calmon (1980). Ora, é possível que sua mãe biológica (Maria Adalgisa segundo uma anotação encontrada na certidão de óbito) tenha sido escravizada e, por isso, entregou o menino para o casal Querino criar. Mas, como sabemos, filho de escravizado, escravizado era, portanto essa informação distorce ainda mais a história de vida dele. Se fosse filho de escravos, não teria uma carta de alforria?

CALMON, Jorge. Manuel Querino, o jornalista e político. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, UFBa, maio 1980 (Ensaios/Pesquisas, 3).

Segue a transcrição da certidão de óbito:

Certidão do Registro Civil e óbito de Manoel Raymundo Querino

 14 de fevereiro de 1923 no distrito de Brotas

Armando Américo Cardozo, residente de Matatu levou atestado de Dr. Guilherme Pereira da Costa.

Faleceu às 5 horas de insuficiência mitral de concomitância – paludismo (malária)

Professor de Desenho Manoel Raymundo Querino, de cor preta, com setenta e um anos de idade, empregado público estadual, filho illegitimo de Maria Adalgisa, natural deste estado, residente em Matatu, casado com Dona Laura Pimentel Querino,

Sem testamento

Dois filhos Paulo Querino e Maria Anathildes Querino, maiores de idade

Seria sepultado no Cemitério da Quinta dos Lázaros

Ver obituário:

Diário de Notícias, 15 de fevereiro de 1923.




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