segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Gledhill se reúne com Querino e Washington

As perspectivas do livro Travessias no Atlântico Negro. Reflexões sobre Booker T. Washington e Manuel R. Querino (Salvador: EDUFBA, 2020), recém-lançado pela professora doutora Sabrina Gledhill, são alvissareiras. Lançado, há alguns meses, no formato e-book, o livro foi, depois, impresso e recebeu a chancela da editora da UFBA. Rica de informações novas e bem escrita, a obra da professora Gledhill trata de dois personagens, um brasileiro e o outro norte-americano, do final do século XIX e início do século XX, que contribuíram com estudos sobre a herança africana na cultura de seus países e que foram vítimas do apagamento perverso das contribuições que deram.



Fui agraciado com exemplar [...] e acompanhei os lançamentos online que a autora promoveu e com que nutriu a plateia de mais curiosidade para usufruir das 300 páginas da obra. Tudo, nesse livro, é valioso, inclusive a vasta bibliografia, na qual se constata que, também no caso de Manuel Querino (1851-1923), há estudos nacionais e estrangeiros sobre os dois escritores estudados.

A britânica Sabrina Gledhill é, ouso informar, mais baiana do que muitos de nós que nasceram na Bahia, isso porque, além das duas filhas brasileiras, a autora de Travessias no Atlântico Negro mergulhou fundo em nossa cultura. Ademais, nos anos em que viveu em Salvador – ora vive em Birmingham, na Inglaterra –, atuou como tradutora (contribuiu para a coleção dos livros do Prêmio Clarival do Prado Valadares, da Fundação Emílio Odebrecht) e como curadora do projetos culturais, dentre os quais a restauração do Cemitério dos Ingleses, na Ladeira da Vitória.

O professor Luis Henrique Dias Tavares (1926-2020) nutria apreço e admiração pela estudiosa que a Inglaterra emprestou à Bahia e, no meu caso, nossa aproximação foi por causa de Querino e do fotógrafo inglês Benjamin Robert Mulock (1829-1863), que viveu em Salvador e legou rica iconografia à posteridade. Ademais, Querino foi professor (no Liceu de Artes e Ofícios) de Arthur Arezio da Fonseca (1873-1940), gráfico, editor e escritor baiano que estudei e sobre quem publiquei livro a respeito.

A propósito de Querino e Arezio, em 2023, transcorre o centenário da morte do primeiro, o que coincide com a mesma celebração de Ruy Barbosa; quanto a Arezio, em 2023, comemoraremos os 150 anos da data de seu nascimento.

Oxalá festejemos!

Luis Guilherme Pontes Tavares
23 de novembro de 2020

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Travessias (edição Funmilayo) agora disponível sob demanda (print on demand)

O e-book Travessias no Atlântico Negro: reflexões sobre Booker T. Washington e Manuel R. Querino editado pela Funmilayo (2018) está disponível como livro impresso sob demanda pela Amazon. A edição impressa lançada pela Edufba em 2020 está disponível no Brasil pela amazon.com.br e a estantevirtual.com.br 


terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Jogando luz sobre a vida de Querino

Soube pela Academia.edu que minha tese, Travessias racialistas no Atlântico Negro: reflexões sobre Booker T. Washington e Manuel R. Querino, foi citada num artigo que também citou uma dissertação de mestrado sobre a biografia de Querino. Segundo esse trabalho, Querino seria "provavelmente filho de escravos"! Entretanto, de acordo com seu registro de batismo, teria sido filho do carpinteiro José Joaquim dos Santos Querino e Luzia da Rocha Pita - ambos negros livres, conforme Jorge Calmon (1980). Ora, é possível que sua mãe biológica (Maria Adalgisa segundo uma anotação encontrada na certidão de óbito) tenha sido escravizada e, por isso, entregou o menino para o casal Querino criar. Mas, como sabemos, filho de escravizado, escravizado era, portanto essa informação distorce ainda mais a história de vida dele. Se fosse filho de escravos, não teria uma carta de alforria?

CALMON, Jorge. Manuel Querino, o jornalista e político. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, UFBa, maio 1980 (Ensaios/Pesquisas, 3).

Segue a transcrição da certidão de óbito:

Certidão do Registro Civil e óbito de Manoel Raymundo Querino

 14 de fevereiro de 1923 no distrito de Brotas

Armando Américo Cardozo, residente de Matatu levou atestado de Dr. Guilherme Pereira da Costa.

Faleceu às 5 horas de insuficiência mitral de concomitância – paludismo (malária)

Professor de Desenho Manoel Raymundo Querino, de cor preta, com setenta e um anos de idade, empregado público estadual, filho illegitimo de Maria Adalgisa, natural deste estado, residente em Matatu, casado com Dona Laura Pimentel Querino,

Sem testamento

Dois filhos Paulo Querino e Maria Anathildes Querino, maiores de idade

Seria sepultado no Cemitério da Quinta dos Lázaros

Ver obituário:

Diário de Notícias, 15 de fevereiro de 1923.